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Riacho Salgadinho: Apesar dos projetos, despoluição das águas ainda é um sonho

Obras de saneamento e projetos de despoluição do riacho estão em andamento, mas falta de verbas deixa trabalhos lentos

Um dia ele já foi cercado de banhistas, de lavadeiras, de pescadores e até pequenas embarcações. Muita gente já admirou, namorou e compôs música para ele. Sinônimo de paz e tranquilidade em tempos passados, não tinha uma pessoa sequer que não morresse de amores por ele. Mas, isso só aconteceu até meados da década de 1950, quando o "progresso" e a urbanização começaram a mudar as características daquele que já foi símbolo de Maceió: o Riacho Salgadinho.

A música abaixo é uma sugestão de trilha sonora para acompanhar a leitura.

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				Riacho Salgadinho: Apesar dos projetos, despoluição das águas ainda é um sonho
FOTO: Arquivo Público

Conhecido primeiramente como Maçayó, a extensão do riacho Reginaldo, só ganha o nome de Salgadinho perto da sua foz, quando entra em contato direto com água do mar. Sua nascente ficava no Poço Azul, localizado no bairro do Jardim Petrópolis, em Maceió. Ela já não existe mais desde 2006.

Com a construção do Hotel Atlântico, na Praia da Avenida, próximo ao Centro de Maceió, que durante muitos anos foi o mais procurado pelos turistas, o Riacho Salgadinho viveu sua época de glória. Porém, com o passar do tempo, o descaso público e a falta de consciência ambiental transformaram o riacho em um esgoto a céu aberto, constituído por lixo, mau cheiro insuportável e urubus compondo o cenário - vamos assim dizer - macabro.

O desmatamento da vegetação nativa, a impermeabilização do solo e a explosão de poços artesianos particulares são apontados por especialistas como os principais fatores de extinção da nascente. Isso sem contar no crescimento habitacional nos bairros às margens do rio que, sem controle algum, foi realizando ligações clandestinas de esgoto que terminavam por desaguar no leito.

"Tomei banho no riacho por muitos anos. Até meus 20 anos eu frequentava a Praia da Avenida e me banhava nas águas do Riachos. Infelizmente o homem destruiu isso. Pra mim é a praia mais bonita da cidade", contou a aposentada Maria José, de 87 anos, que morou há poucos metros da foz.


			
				Riacho Salgadinho: Apesar dos projetos, despoluição das águas ainda é um sonho
FOTO: Assessoria

Promessas

Por muitos e muitos anos, diferentes gestores municipais tentaram acabar com o problema, mas nenhuma das tentativas surtiram efeito e a poluição aumentava a cada ano que passava.

No ano de 2000, às vésperas de mais uma eleição para Prefeito de Maceió, candidatos já utilizaram a causa como propostas de campanha eleitoral, a exemplo a então prefeita e candidata à reeleição, Kátia Born, que tomou banho no Salgadinho para provar que ele havia sido "despoluído". Nessa época, as obras para a despoluição já haviam sido anunciadas há dez anos por outras administrações.

A obra em questão foi a construção de comportas na foz do riacho e uma tubulação que direcionava as águas para o Emissário Submarino da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal).

Esta seria uma primeira ação concreta de despoluir o "cartão postal" da capital. Desde então, os projetos não saíram no papel. Vários projetos tramitam entre secretarias municipais e estaduais, mas a viabilização deles depende, e muito, de verbas.

Problema-chave

O problema chave da "morte" do Riacho Salgadinho é, sem dúvidas, a falta de saneamento básico na região, onde moradores fizeram milhares de ligações clandestinas de esgoto e os dejetos iam diretamente para o rio que deságua na Praia da Avenida.

De acordo com o assessor especial da Prefeitura de Maceió, Gustavo Novaes, o crescimento habitacional desordenado no entorno do riacho foi crucial e o início da despoluição passa pela conclusão das obras de esgotamento sanitário.

"As sociedades se desenvolveram no entorno dos rios e mares. A água é fonte de vida e não foi diferente aqui em Maceió. Mas sem nenhum planejamento, a situação ficou fora do controle e hoje estamos nessa situação", disse.


			
				Riacho Salgadinho: Apesar dos projetos, despoluição das águas ainda é um sonho
FOTO: Pei Fon/Secom Maceió

Gustavo Novaes afirmou que a Prefeitura concluiu em janeiro deste ano o Plano Municipal de Esgotamento Sanitário de Maceió, que aponta diretrizes para o saneamento básico da capital. Segundo ele, o plano foi enviado para a Câmara de Vereadores que deve ser votado para virar lei municipal.

"Assim que se transformar em lei, tão logo nós convocaremos uma reunião com a Casal para rediscutir o contrato de concessão. As metas têm que ser estabelecidas e veremos com a companhia para que sejam cumpridas", explicou.

No âmbito do Governo de Alagoas, a Casal e a Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra) têm trabalhado em conjunto para a realização de diversas obras de esgotamento sanitário de Maceió. Atualmente 37% da capital possui rede coletora de esgoto, mas a previsão é que até o final de 2021 esse número aumente para 70%.

De acordo com as assessorias da Casal e Seinfra, o governo está investindo mais de R$ 440 milhões em 5 obras, tanto na parte baixa quanto na parte alta da cidade.

Atualmente, temos duas obras de saneamento em Maceió: Esgotamento da Bacia da Pajuçara e Esgotamento da Baixa Maceió. O Governo de Renan Filho investiu na Bacia da Pajuçara aproximadamente R$ 25 milhões e na Baixa Maceió, R$ 7 milhões.


			
				Riacho Salgadinho: Apesar dos projetos, despoluição das águas ainda é um sonho
FOTO: Agência Alagoas

Além dessas duas, o governo executa a obra da Linha Expressa, que é um complemento à Bacia da Pajuçara. Orçada em R$ 8,2 milhões e executada com recursos próprios, será um reforço de 2.500 metros de tubulação para a antiga rede coletora da Casal. A Linha Expressa irá conduzir o esgoto da estação elevatória da Praça Lions (Pajuçara) até a Avenida Treze de Maio (Poço), de onde seguirá para o emissário submarino.

Na parte alta da cidade, desde o bairro do Farol até o Tabuleiro do Martins, há duas grandes obras em andamento. A primeira é realizada por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) entre a Casal e o consórcio Sanama (Saneamento Alta Maceió). Já a do Farol é executada por meio de uma Locação de Ativos entre a Companhia e o consórcio Sanema. Juntas, as duas obras devem investir cerca de R$ 400 milhões e beneficiar aproximadamente 360 mil pessoas.

Vale do Reginaldo: O grande desafio

Construído e desenvolvido em um vale entre os bairros do Farol e Jacintinho, o Reginaldo possui milhares de famílias que se instalaram de forma precária nas grotas e, sem a urbanização necessária, o esgoto produzido por essas residências acabavam por desaguar no Riacho do Reginaldo, um dos afluentes do Riacho Salgadinho. Certamente de onde vem o maior volume de águas poluídas.


			
				Riacho Salgadinho: Apesar dos projetos, despoluição das águas ainda é um sonho
FOTO: José Feitosa

Em 2009, a Prefeitura de Maceió e o Governo de Alagoas lançaram o projeto para a reurbanização de todo o Vale do Reginaldo, que contemplava a retirada das famílias que viviam nas encostas e a construção de uma via que ligava os bairros do Farol e Jacintinho, como também a realização do saneamento básico.

A princípio, as obras tinham sido incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, mas questões burocráticas impediam o seu desenvolvimento.

Em 2015, o Estado e Prefeitura anunciaram a retomada da obra, onde a Seinfra ficou responsável pela desapropriação das residências e construção de conjuntos habitacionais, como também a contenção de encostas. Já o município era responsável pelas obras viárias e de rede coletora.


			
				Riacho Salgadinho: Apesar dos projetos, despoluição das águas ainda é um sonho
FOTO: Agência Alagoas

De acordo com  a assessoria da Seinfra, para a construção da Área 2, foram investidos R$ 3 milhões, provenientes do Ministério das Cidades e do Governo de Alagoas. No local, 96 famílias já moram atualmente e o governo está em fase de conclusão de um projeto para licitar uma quadra de esportes e uma praça no local, o que irá beneficiar ainda mais a população da região.

"Em relação ao restante do projeto, continuamos com as tratativas junto à Caixa Econômica para contratação de unidades através do Programa Minha Casa, Minha Vida", explicou a assessoria.

Para Gustavo Novaes, assessor especial da Prefeitura de Maceió, a conclusão dessas obras no Vale do Reginaldo deve melhorar em até 20% na poluição do Riacho Salgadinho.

Despoluição Natural 

Além da obras que são necessárias para a capital, há também uma alternativa "natural" para despoluir o riacho: Os Jardins Filtrantes. Trata-se de um sistema desenvolvido pela empresa francesa Phytorestore, com sede no Brasil. O modelo já é utilizado no Rio Sena, em Paris, na França, e consiste em uma alternativa ecológica para a despoluição de rios. Por meio dele, há o desvio de parte do curso do rio para um duto onde há mudas de plantas que realizam a filtragem natural das águas.


			
				Riacho Salgadinho: Apesar dos projetos, despoluição das águas ainda é um sonho
FOTO: Divulgação

Segundo o assessor especial, a prefeitura contratou uma empresa para realizar o projeto que, durante as análises, constatou que era necessário realizar alguns reparos nas encostas do riacho e no canal que liga o rio com o mar.

"Os técnicos detectaram que as paredes das encostas estão desmoronando e era necessário realizar uma reforma para evitar que elas caíssem. Já no canal, eles explicaram que a água do mar não poderia adentrar no riacho, porque prejudicaria o sistema. Então era necessário construir algumas barreiras para conter a invasão do mar", contou.

Para a realização de todos os reparos e construção de barreiras, além das obras necessárias para a instalação dos Jardins Filtrantes, o orçamento foi de R$ 14 milhões. Com falta de verbas, faz-se necessário um financiamento.

Na próxima semana, a Gazetaweb trará a segunda parte desta matéria. A reportagem conversou com especialistas sobre as soluções e projetos paralelos que podem resgatar a vida do Salgadinho.

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