O período de inverno com mais chuvas que nos anos anteriores, deixou animado agricultores da região Agreste, que decidiram apostar na lavoura do fumo como a principal cultura cultivada nesta safra agrícola. Nesta terça-feira, muitos agricultores já iniciavam a produção das bolas, como tradicionalmente são comercializadas em feiras e repassadas para empresas. Ano passado, o preço pelo quilo do produto de primeira qualidade chegou a até R$ 30. Para este ano, a estimativa, devido a grande quantidade produzida, é de se alcançar em média R$ 20,00.
No campo, em cidades como Arapiraca e Craíbas, no Agreste, famílias inteiras têm apostado no resultado da plantação e confiante na qualidade do fumo, que se fortaleceu com as chuvas, embora reconheçam que, quanto mais produto no mercado, o preço do produto pode cair. Não há estimativa oficial de quanto será a produção desta safra, mas os próprios agricultores avaliam que deve superar em mais de 100% a plantação do ano anterior. "Para se ter uma ideia, em 2018 nós plantamos apenas aproximadamente 5% do que havíamos plantado em 2017", pontuou o agricultor José Erivaldo de Moura.
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Com cinco tarefas cultivadas do produto na região do Pau Ferro, em Craíbas, ele segue otimista com o resultado que deve conquistar.
"Tem gente que não plantava há mais de 20 anos e voltou a plantar este ano. Ano passado, a produção foi muito baixa em relação a 2017 e com isso o preço chegou a R$ 30,00 o quilo da bola. Vou curar o fumo e esperar até janeiro para comercializar, quando espero vender por R$ 20,00 o quilo", declarou.
Na casa do agricultor Manoel Pedro Neto da Silva, no sítio Itapicuru, em Arapiraca, enquanto ele retirava o fumo do varal, a mulher, Adrelina e a filha Maria Eliane trabalhavam destalando o produto, formando os "móios", para depois serem transformados nas bolas de fumo, que chegam a pesar até 100kg cada. Antes mesmo de curar o produto, ele disse já ter recebido proposta para vender a safra a R$ 7,00 o quilo, mas considerou o valor baixo para a qualidade do produto. Em suas três tarefas, ele disse esperar produzir entre 8 a 10 bolas.
"Esse ano a safra foi boa. Fumo bom. Aconselho meu pai para armazenar e esperar um preço melhor mais à frente", ressaltou Maria Eliane. Para produzir o fumo, Manoel Pedro trabalhou na roça nos últimos meses na companhia de um dos onze filhos. "O fumo é o que dá mais dinheiro", pontuou, ao fazer comparação com as outras lavouras que cultivam principalmente para a própria alimentação, como feijão e mandioca.
Para quem trabalho com a destalação do fumo, os produtores têm pago em média R$ 1,00 pelo quilo do fumo de primeira e R$ 1,20 pelo baixeiro - fumo que fica na parte baixa da planta e com isso possui a folha menor.
Outro produtor de longa data na região é o senhor Antônio Rosendo Farias, mais conhecido como seu Barbosa. Aos 92 anos de idade, ele levanta cedo e vai para a sua roça de fumo em frente a casa onde mora, na zona rural de Craíbas. Ele contou que construiu a vida com as plantações do produto e lembrou que, em 2018, vendeu o quilo do produto a R$ 27,00. Disse ainda esperar comercializar por um valor aproximado a safra deste ano.
Como resultado dos 70 anos como produtor de fumo, seu Barbosa mantém a mesma vida simples do homem do campo, mas conta com três carros na garagem, casa bem estruturada e uma ampla plantação de fumo em 150 tarefas de terra, na qual consegue ocupar 21 moradores da comunidade. Antes disso, porém, ele já havia garantido a independência dos filhos. "Hoje eu estou satisfeito", assegurou ele, sempre com um ar de otimismo e tranquilidade diante de todos.
