Ao ser questionado durante interrogatório nesta segunda-feira (9), no Fórum de Aparecida de Goiânia, João de Deus negou conhecer as vítimas e disse que nunca cometeu abusos contra pessoas que procuraram atendimento espiritual em Abadiânia, no Entorno do Distrito Federal.
Aos 78 anos, ele foi ouvido por carta precatória em Aparecida de Goiânia, onde está preso há quase um ano, para evitar que tivesse de viajar até a cidade em que as vítimas afirmam que os crimes ocorreram. "Foi um pedido da defesa, pois o deslocamento é precário para um idoso de quase 80 anos, e a Justiça autorizou", disse o advogado Anderson van Gualberto.
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Os três processos nos quais ele foi ouvido tratam sobre violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável. João de Deus entrou na sala de audiência às 15h15 e chegou escoltado por agentes prisionais, caminhando lentamente e sem falar com a imprensa. Havia manchas de sangue na blusa e na calça dele.
A sessão durou uma hora. Na saída, questionado sobre o machucado, ele disse apenas que tinha se ferido em uma parede.
A defesa reforçou a inocência do réu e questionou as denúncias. "As vítimas não estavam em situação de vulnerabilidade, foram de livre e espontânea vontade e de maneira consciente. E ele voltou a negar que conhecia as mulheres que fizeram a denúncia e que nunca cometeu qualquer abuso", disse o advogado.
Denúncias
No início de dezembro, o Ministério Público apresentou a 11ª denúncia contra ele. Esta ação foi fundamentada pelo depoimento de 11 vítimas, sete vão servir apenas de testemunhas porque os crimes já prescreveram. As outras quatro vítimas, com idades entre 25 e 44 anos, teriam sido abusadas sexualmente durante tratamento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia.
O promotor Luciano Miranda, coordenador da força-tarefa que investiga João de Deus, informou que, ao todo, o acusado já foi ouvindo com relação a cinco denúncias de crimes sexuais.
"O cenário é o mesmo. Seguimos recebendo relatos de outras vítimas. Ele já foi condenado em um processo de armas e tem mais seis processos para ser ouvido. Mas acreditamos que em poucas sessões conseguiremos terminar os interrogatórios, porque em uma sessão pode ser por mais de uma denúncia", explicou.
Este mês completa um ano que o médium está preso preventivamente. A força-tarefa ainda recebe e investiga novas denúncias de supostos crimes sexuais e estupros cometidos na Casa Dom Inácio de Loyola.
Prisão
João de Deus está preso desde 16 dezembro de 2018. Ele sempre negou que tivesse abusado sexualmente de mulheres e adolescentes que o procuravam na Casa Dom Inácio de Loyola para atendimentos espirituais.
Em março, João de Deus foi levado para um hospital de Goiânia. Ele ficou mais de dois meses internado com um aneurisma no abdômen. Por determinação da Justiça, voltou ao presídio em 6 de junho, onde está desde então.
Denúncias
Até o último dia 2 de dezembro, o Ministério Público de Goiás ofereceu 13 denúncias contra João de Deus, sendo dez por crimes sexuais: