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Arnon de Mello: o jornalista, o empresário e o político

14º governador eleito pelo povo alagoano, Arnon de Mello fundou o maior complexo de comunicação de Alagoas

Arnon Affonso de Farias Mello nasceu em 19 de setembro de 1911, no Engenho Cachoeirinha, em Rio Largo. Os pais, Manuel Affonso Calheiros de Mello e Lúcia Farias Mello, eram senhores de dois engenhos na região, que, à época, era uma vila de Santa Luzia do Norte. O casal, em busca de um futuro melhor para os 11 filhos, resolveu mudar-se para Maceió e trabalhar com a exportação de açúcar.

O que eles não esperavam, no entanto, era que a Primeira Guerra Mundial eclodisse, em 1914, e a exportação de açúcar fosse proibida. Com isso, todos os investimentos da família viraram melaço e, para o pequeno Arnon, começava uma árdua batalha para transcender a nova realidade e construir uma história diferente para a família.

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O menino do engenho, que se tornaria o 14º governador eleito pelo povo alagoano, era um curioso nato, gostava de ler, perguntar, pensar o presente, o passado e o futuro. Sem parar de estudar, começou a trabalhar como office-boy em um escritório no bairro Jaraguá. Depois, aos 14 anos, tornou-se vendedor de assinaturas do Jornal de Alagoas. Em seguida, aos 15, virou revisor. Pelo olhar criterioso do garoto passaram textos de nomes como Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, entre outros que se projetavam nas letras.

Foi nessa idade também que Arnon, apaixonado pelo ofício de jornalista, fundou seu primeiro jornal, chamado O Eco, um noticiário estudantil que circulava no Ginásio de Maceió, onde ele estudava. Ainda no Jornal de Alagoas, o rapaz virou repórter no final da adolescência, publicava poemas e críticas literárias, além de reportagens digitadas em uma máquina de escrever emprestada pelo dono do Café AFA, conforme deixou registrado o professor Ib Gatto Falcão, um dos grandes amigos de Arnon.

Assim começava a trajetória do alagoano que se tornaria proprietário do maior complexo de comunicação do Estado e um dos mais importantes do País: a Organização Arnon de Mello.

O jovem também era inquieto, conforme relatam diversos parceiros comerciais, políticos e amigos que conviveram com o jornalista e advogado. Era obstinado por mudar as coisas, queria transformar Maceió, Alagoas, o Brasil e, se possível, o mundo inteiro.

RUMO À CIDADE MARAVILHOSA

Estava decidido: Arnon de Mello levaria suas ideias de futuro para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Antes, porém, ele estaria entre os chamados “meninos impossíveis” que fundaram, em 1927, o Grêmio Literário Guimarães Passos, um importante movimento cultural que teve diversos desdobramentos na sociedade alagoana.

Com apenas vinte e um anos, recebe a missão de viajar a São Paulo num trem que leva militares ao combate, em 1932. Arnon de Mello acompanha as tropas, registra as estratégias, as decisões políticas e o repúdio ao cerceamento imposto. Era a “revolução constitucionalista”.

Arnon redigiu um diário, que resultaria no livro “São Paulo venceu!”, publicado em 1933. Como correspondente de guerra, descreveu com talento a luta dos paulistas contra a era Vargas. Sobre o livro, lançado pelo jovem e talentoso repórter, o jornalista Costa Rego, que foi governador de Alagoas, afirmou: “É realmente uma descrição minuciosa que o autor nos faz. A narração empolga, pois Arnon de Mello não é só um repórter, mas um escritor que se firma”.

DE VOLTA A ALAGOAS

Após 10 anos na capital federal, Arnon voltava para Alagoas. Na bagagem trazia livros publicados e o reconhecimento nacional. O menino de Rio Largo se destacou por suas grandes reportagens para os veículos da cadeia dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand.

Anos mais tarde, já contribuindo com a Gazeta de Alagoas, resolveu adquirir o veículo e transformá-lo em algo completamente novo, recuperando a pujança do matutino e acabando para sempre com o costume dos alagoanos, que ainda se informavam por jornais pernambucanos ou do Sudeste. Daquele momento em diante, Alagoas tinha um jornal com a sua cara e a chancela do jornalista best-seller e orgulho local.

GOVERNADOR

Intelectual e empreendedor, Arnon de Mello virou político apenas porque viu ali a oportunidade de mudar a vida das pessoas para melhor. Ele foi eleito governador no memorável pleito de 1950, quando elegeu-se, ao mesmo tempo, governador e deputado federal. Arnon optou pelo executivo e chegou ao Palácio dos Martírios nos braços do povo.

Entre 1951 e 1956, Alagoas experimentou avanços marcados pelo pioneirismo de Arnon de Mello. Investimentos sem precedentes em infraestrutura, educação, saúde e cultura dão frutos até os dias atuais ou continua sendo usufruídos pela população, a exemplo da estrada que liga Maceió a Palmeira dos Índios, com mais de cem quilômetros, e que ficou na história como a primeira rodovia asfaltada por iniciativa de um governo estadual e uma das primeiras no País, que tinha de importar asfalto.

Também foi na gestão de Arnon de Mello que houve a construção do Centro Educacional do Estado, hoje conhecido como CEPA. Até hoje, o local é considerado um dos maiores complexos educacionais do Brasil. A primeira colônia agrícola do Nordeste, a Pindorama, também foi fruto da visão de futuro do gestor.

Foram criadas a Sociedade de Cultura Artística, a Escola de Auxiliares de Enfermagem, a Associação de Cultura Franco-Brasileira e a Juventude Musical. Além do Teatro de Amadores de Alagoas, a Associação das Bandeirantes, as representações da Cruz Vermelha, da Legião Brasileira de Assistência, a Organização dos Voluntários e a Escola de Aprendizes de Marinheiros.

O ilustre teatrólogo Bráulio Leite, que faleceu em 2013, costumava dizer que a gestão Arnon de Mello foi a época de ouro da cultura alagoana, com incentivos à arte, o surgimento de grupos artísticos e a prática de intercâmbio cultural. Mas além disso, naquele período começaram a funcionar a Escola de Medicina e a Escola de Engenharia.

Os servidores civis e militares tiveram um dos maiores aumentos nos salários. Instituiu-se o Estatuto do Funcionalismo Público Civil, que só em 1978 seria reeditado e atualizado pela primeira vez.

SENADOR

Concluída a tarefa no comando do Executivo Estadual, Arnon assumiu novas responsabilidades. Em 1962, elegeu-se para o Senado, onde atuaria em três legislaturas consecutivas.

Como senador, Arnon de Mello colocou-se entre os primeiros parlamentares brasileiros a chamar a atenção do País para as constantes descobertas científicas e tecnológicas, dizendo que elas impunham mudanças em todos os campos de atividade. Acostumou-se a prestar contas de seus mandatos ao povo. Fez isso ao deixar o governo, com vários livros, e no Senado, em mais de trinta títulos, que se constituem indispensáveis fontes de pesquisa sobre os mais variados temas.

O jornalista, escritor e juiz de Direito Antônio Sapucaia, que faleceu em 2019, costumava dizer que três facetas de Arnon de Mello certamente sobreviveriam ao teste do tempo: o jornalista, o político e o empresário. “Difícil é saber qual delas é a mais saliente, a mais pujante. Particularmente, a que mais me fascinou foi aquela ligada ao jornalismo”, disse o juiz.

“À frente da redação da Gazeta de Alagoas, impressionava-me a sensibilidade do jornalista. Quando chegava de Brasília ia diretamente para a redação e, livrando-se apenas do paletó, procurava inteirar-se de tudo”, relatou Sapucaia.

“Sua presença significava que o jornal iria fechar mais tarde, e nunca deixava de escrever alguma coisa. Caneta na mão, deitava no papel”, recordou o juiz, à época.

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