Dezenas de prédios vazios com placas de aluga-se e vende-se. As avenidas Durval de Góes Monteiro e Fernandes Lima têm assistido à falência de diversos estabelecimentos, como resultado da crise econômica que assola o país. Desde janeiro deste ano, pelo menos 53 empresas e microempresas já fecharam as portas ao longo das avenidas.
Tudo começa com as demissões e cortes de gastos, mas chega um momento em que o fechamento do estabelecimento é a única saída para o empreendedor não ter um prejuízo ainda maior. Diariamente, ao longo dos 12,7 quilômetros de avenidas, é possível observar, nas lojas que ainda continuam de portas abertas, um fluxo reduzido de consumidores.
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Segundo um empresário que preferiu não ser identificado, ele possui cinco armazéns que foram colocados para aluguel. Destes, apenas dois estão ocupados. "A situação há cinco anos atrás era outra, quando todos os meus galpões eram alugados. Mas no decorrer desse tempo, as coisas mudaram. Há dois anos, apenas dois estão com inquilinos. Eu cobro R$ 7 mil por galpão, mas o pessoal só chega para alugar na faixa de R$ 2,500 e isso não compensa, então, prefiro deixar parado até aparecer alguém que oferte um preço de aluguel maior", informou o empresário.

Em alguns casos, proprietários de negócios localizados nessas avenidas, procuram mudar de ramo ou realocar a empresa em outro local, no intuito de melhorar a movimentação e, consequentemente, a renda.

Foi assim com Miguel Rodrigo, empresário no ramo de produtos automotivos. Ele mudou o negócio de local por conta do baixo rendimento na avenida. "Eu estava com 15 funcionários e grande movimentação no ano de 2014. Em 2015, as coisas pioraram e eu tive que demitir metade dos trabalhadores, ficando apenas com sete. Dessa maneira, comecei a me assustar e ficar apreensivo. Meu rendimento era de aproximadamente 12 mil reais e agora está em aproximadamente sete mil, trabalhando acima da carga horária", ressaltou.
De acordo com o economista da Federação do Comércio (Fecomércio), Felipe Tenório, a crise afeta, principalmente, empresas que não possuem um planejamento financeiro. "Geralmente a crise chega em empresas pouco ou mal geridas. Com isso, acaba afetando a geração de empregos. De junho de 2015 até junho deste ano, 1.503 empresas já fecharam em Alagoas.Desse total, 662 ficavam situadas em Maceió. A maioria delas eram pequenas empresas e não tinham uma boa gestão", informou.

Por outro lado, outros empresários procuram de todas as formas possíveis manter a empresa de pé, adotando medidas que atraiam o consumidor.
"Meus rendimentos caíram 15%. Com os fechamentos de negócios próximos, todas as empresas no entorno sofrem. Quanto menos clientes em lojas de outro ramo, menos observadores para o meu negócio. Isso tudo, de certa maneira, assusta. Então, resolvi adotar medidas. Baixei a minha margem de lucro, colocando menores preços nos meus produtos e busquei fornecedores de um determinado produto, porém, com o preço mais em conta. Realizei promoções vantajosas para o consumidor a para o meu negócio e investi em mídias. Propagandas em mídias sociais, televisão, rádio e etc. Desta forma, busco um fortalecimento e uma solidez para a minha empresa", disse Marcel Duarte, empresário no ramo de produtos naturais.