Dezenas de policiais militares realizam um protesto na frente do Tribunal de Justiça (TJ), na Praça Deodoro, no centro da cidade, no final da manhã desta terça-feira (3), contra a revisão nos trâmites de promoções dentro da corporação, referendada pelo TJ/AL. As despromoções partiram de medidas tomadas pelo governador Renan Filho (MDB). Ao todo, cerca de 500 militares foram afetados com a decisão do governo do Estado.
Alagoas têm, em média, 6 mil PMs; destes, cerca de 12% foram afetados com a medida. Os policiais citam ser uma articulação política do governador, "provocada a pedido da PGE [Procuradoria Geral do Estado], articulada politicamente pelo Renan Filho", conforme criticou Wagner Simas, presidente da Associação das Praças da PM e CBM de Alagoas (ASPRA/AL). O ato, que contou com várias faixas, não atinge o efetivo de militares trabalhando nesta terça-feira, já que todos que aderiram ao protesto estão de folga.
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"Aqui estamos tentando sensibilizar o presidente do TJ, desembargador Tutmés Airan, para pedir pauta do julgamento do nosso agravo [recurso judicial], uma vez que, em uma decisão monocrática, ele avocou diversos processos de primeiro grau e, com essa decisão, despromoveu mais de 500 militares. Então, a gente entrou com um agravo, já tem mais de três meses, e o prazo para o julgamento já se extrapolou. Não temos nenhum posicionamento por parte do presidente do TJ em colocar o agravo em pauta para o pleno deliberar", criticou Wagner Simas.
"A Justiça tem que ser imparcial, e é isso que os policiais militares esperam dela. Não podemos ser impedidos de conseguir nossos direitos. O que está acontecendo é um retrocesso. Ganhamos direitos que, depois, foram retirados. Este ato mostra que os policiais não estão parados, e vamos lutar pelos nossos direitos", reforçou Wellington Fragoso, major da Polícia Militar (PM) e ex-presidente da Associação dos Oficiais Militares de Alagoas (Assomal).
Entenda o caso
Este não é o primeiro protesto contra a despromoção. A categoria luta há, pelo menos, três meses em desfavor dos prejuízos financeiro, psicológico e social aos policiais.
A lista das despromoções de policiais militares de Alagoas foi divulgada em 30 de agosto. E, além da perda salarial - que varia de R$ 600 a R$ 3 mil, a depender da graduação - a despromoção tem trazido danos psicológicos e sociais dentro da corporação. Em 10 de outubro, preocupado com despromoção, um policial militar atentou contra a própria vida.
"Só este final de semana cinco policiais faleceram. Não podemos precisar se foi por causa da questão da depressão pelo ato de terem sido despromovidos, mas tudo leva a crer que tenha ocorrido em decorrência desta situação. A gente quer saciar esta instabilidade social em nossa corporação", alertou Wagner Simas.
