Com objetivo de reunir todas as ações da administração municipal em prol desse público, a Prefeitura de Maceió lançou, nesta quarta-feira (25), o Guia de Serviços para a Cidadania da População em Situação de Rua. O lançamento aconteceu na sede do órgão e a iniciativa faz parte de um plano intersetorial de monitoramento e acompanhamento.
Entre as informações trazidas pela cartilha estão as mais essenciais, como locais onde se alimentar e tomar banho, como ter acesso à documentação e à moradia, cuidados com a saúde e como denunciar violência e preconceito, entre outras questões, todas partes da rede oferecida pelo Município.
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Idealizado pelo Ministério dos Direitos Humanos, o guia foi construído em parceria com o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Municipal para População em Situação de Rua em Maceió, instituído em 2010. E deve facilitar a vida de quem precisa dos serviços ofertados.
"Temos uma série de serviços prestados por diversas secretarias e notamos que havia uma falta de informação para a própria população em situação de rua. São ações de assistência social, trabalho, habitação, saúde e havia um desconhecimento", apontou o prefeito Rui Palmeira, presente à solenidade.
Na ocasião, ele garantiu ainda investimentos no Consultório de Rua, projeto formado por equipes multidisciplinares que ofertam ações de saúde. "Estamos aumentando de três para seis as equipes do Consultório de Rua, um trabalho de Maceió que é referência para todo o Brasil", acrescentou o gestor.
Ainda foram apresentados, na oportunidade, o número de atendimentos realizados pela equipe do Serviço Especializado em Abordagem Social de Maceió ao longo de 2017. Ao todo, foram abordadas 670 pessoas que não tinham residência e outras 936 em situação de rua, mas que possuem moradia.
Além da cartilha, o Plano intersetorial de Monitoramento e Acompanhamento reúne também outras ações a serem realizadas de 2018 a 2020. A ideia é estabelecer diretrizes e rumos que possibilitem a (re)inserção dessas pessoas às suas redes familiares e comunitárias, com acesso ao desenvolvimento social pleno.
A iniciativa, que segue direcionamentos do plano nacional, tem como público crianças, jovens, adultos, idosos e famílias em situação de risco pessoal e social que utilizam os espaços públicos como forma de moradia e/ou sobrevivência, a exemplo de situação de rua, trabalho infantil, exploração sexual e mendicância.
Pessoas nessas condições podem contar com uma rede de atendimento que incluem ainda o Centro Pop, casas de passagens, centro de atendimento socioassistencial e Consultório de Rua, entre outros espaços.
Pessoas em situação de rua

Um deles é José Robson Fragoso, que veio da Barra de Santo Antônio e está há seis anos nas ruas de Maceió. Ele reclama da truculência com que é abordado pela polícia e pede para ser tratado com respeito. "Se me trata com respeito, também vou tratar com respeito", afirma.
Já José Antônio dos Santos está há mais de três anos nessa situação. Primeiro morou nas ruas de Arapiraca, sua cidade natal, e há mais de um ano está vivendo na capital alagoana. Ele conta que já fez inscrição na Prefeitura em busca de moradia, mas ainda aguarda resposta.
Representante do Movimento de Moradores em Situação de Rua, Rafael Machado reclama do preconceito que essa parcela de sociedade sofre e diz que, até então, nada foi feito de concreto com relação a esse público.
Rui Palmeira reconheceu que a crise econômica reflete na vinda de pessoas para Maceió e diz considerar a situação difícil. Ele pontua que algumas pessoas preferem viver nas ruas e que a Prefeitura já entregou casas a moradores. "A gente sabe que outros vão chegar", ressaltou.