Há duas semanas, quatro homens decidiram se instalar às margens do Riacho Salgadinho, no bairro do Poço, a poucos metros do prédio sede do Ministério Público Estadual (MPE). AGazetawebflagrou a situação e conversou com os quatro moradores na tarde desta terça-feira (24). Três deles são irmãos e a quarta pessoa é um amigo que passou a morar com o grupo.
Lonas, pedaços de madeira, sofás velhos, parte de uma poltrona, papelão, uma grelha e madeira seca para ser utilizada como carvão. Esses são alguns dos objetos encontrados na "residência" improvisada na calçada que margeia o riacho e de onde é possível sentir o cheiro forte da poluição das águas do Salgadinho.
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José Paulo dos Santos, de 47 anos, e José Cosme dos Santos, de 43 anos, estavam carregando um sofá que acabaram de encontrar próximo ao local. Receptivos, eles contaram que se instalaram no local há duas semanas e explicaram que vivem peregrinando pela cidade à procura de "serviços" para sobreviver.

"A gente faz um trabalho aqui, outro ali. Descarregando caminhões ou o que aparecer e assim a gente vai conseguindo um pouquinho de comida. Recentemente cortei meu pé tentando cozinhar, porque uma madeira que eu consegui tinha uma parte afiada e acabei me cortando", relatou José Paulo.
Além da dupla, também residem no local o mais velho dos irmãos, José Francisco dos Santos, de 48 anos, e o amigo, identificado apenas como "Pinto".
Cosme contou que boa parte das refeições eles ganham de restaurantes na região e de moradores, que sempre dão quando eles pedem nas residências. Francisco, de acordo com os irmãos, é artesão e faz trabalhos com palhas de coqueiro.
Apesar de conviver diariamente com o mau cheiro e com os mosquitos provenientes do Riacho do Salgadinho, eles dizem não se incomodar. "Já estamos acostumados", relata um deles.
Antes de se instalarem no local, eles haviam peregrinado por diversos pontos da capital. Os comerciantes da região dizem não se incomodar com a presença deles no barraco.
