Nesta sexta-feira (25), o número de mortos chegou a 67 após dois dias de protestos na região de Oromia, na Etiópia. A informação é da agência Reuters.
Segundo ele, 62 dos mortos eram manifestantes e cinco eram policiais. A maioria das mortes foi causada por pedradas, enquanto 13 das vítimas tinham ferimentos de bala.
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O exército etíope está enviando tropas para a região para tentar acalmar os distúrbios, iniciados quando o ativista e líder opositor Jawar Mohammed afirmou que o governo estava retirando o esquema de segurança de sua casa, em Adis Abeba.
As autoridades etíopes negaram a informação sobre a retirada da segurança, e Mohammed pediu por calma, mas manifestantes queimaram cópias do mais novo livro do primeiro-ministro do país e vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Abiy Ahmed.
Nesta sexta, o porta-voz do exército, major general Mohammed Tessema, disse que soldados estão sendo enviados para Oromia, Harar e Dire Dawa, de acordo com a Associated Press.
Reformas
Jawar Mohammed, que morava nos EUA, voltou ao país depois que Abiy assumiu o poder em abril do ano passado e começou a cobrar reformas.
Entre as medidas, implementadas em 2018, estavam a libertação de milhares de presos políticos, o fim do Estado de emergência e a redução do número de partidos políticos.
O primeiro-ministro também permitiu maior liberdade de imprensa em um país criticado internacionalmente por grupos de direitos humanos por sua repressão a jornalistas.
Problemas de paz
Antes de Ahmed subir ao poder, o governo mantinha um controle ferrenho sobre as tensões entre as numerosas comunidades étnicas da Etiópia. Mas muitas dessas tensões acabaram se tornando um conflito aberto.
O primeiro-ministro, que é da etnia Oromo, foi acusado de ignorar os interesses de alguns grupos.
Apesar de voltar do exílio, Jawar criticou Abiy, o que teria irritado o político.
"Os donos da mídia que não possuem passaporte etíope estão fazendo joguinhos", disse Abiy, segundo a agência de notícias Reuters.
"Quando há paz, você está brincando aqui, e quando estamos com problemas, você [não] está aqui."
Muitos interpretaram a declaração de Abiy como uma crítica a Jawar.
Abiy recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2019 no início deste mês por resolver o conflito de fronteira da Etiópia com a Eritreia e por promover a paz e a reconciliação em seu próprio país e na região.