A onda de ataques a ônibus em Maceió provocou o afastamento de, pelo menos, quatro rodoviários do trabalho diário. É o que informou o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Alagoas (Sinttro/AL), Ernani Santos, em entrevista ao programa Ministério do Povo, na Rádio Gazeta AM, na manhã desta terça-feira (18).
Os trabalhadores se ausentaram por questões emocionais. Eles ficaram traumatizados com a violência que sofreram, estão sendo acompanhados por psicológicos e psiquiatras e, por estarem longe do serviço, recebem benefício do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
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De acordo com o vice-presidente do Sinttro/AL, o rodoviário que estava no ônibus da Real Alagoas, incendiado no dia 13 de dezembro do ano passado, está com o quadro de saúde mais preocupante. Ele passou um tempo sem ao menos sair de casa de tanto medo que tinha. Quando resolveu encarar a rua, precisou da ajuda da esposa para fazê-lo companhia.
Nesse dia, um homem armado entrou no coletivo, rendeu motorista, cobrador e dez passageiros que estavam no veículo e pediu que todos descessem do carro. Em seguida, mais quatro pessoas entraram no coletivo com galões de gasolina e atearam fogo no ônibus. Após atearem fogo no coletivo, os bandidos fugiram sem ser identificados. Nenhum pertence foi roubado dos ocupantes do ônibus.
Os demais trabalhadores afastados do trabalho também enfrentaram a mesma situação. Somente em ter que pegar um ônibus para dirigir entram em pânico. Os quatro que estão de benefício foram vítimas dos ataques registrados no fim do ano passado e ainda não conseguiram se restabelecer. Os que sofreram nos últimos dias ainda serão avaliados.

Reunião
Na manhã desta terça-feira, o secretário de Segurança Pública, coronel Paulo Domingos de Lima Júnior, recebeu uma comissão formada por rodoviários, representantes das empresas, integrantes da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) e da Polícia Militar para discutir ações para reduzir a violência em coletivos.
Os participantes cobraram mais segurança nos terminais e nas linhas dos ônibus para evitar não apenas incêndios, mas também os assaltos recorrentes.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário (Sinttro), Écio Ângelo, afirmou que os assaltos a coletivos foram reduzidos, mas que a categoria ainda sofre com a insegurança em determinadas áreas da cidade.
"Desde o ano passado que reivindicamos medidas de segurança mais enérgicas por parte da Polícia Militar. Temos mais problemas com os corredores da parte alta. Então, bairros como Tabuleiro, Benedito Bentes e Graciliano Ramos são os mais difíceis de rodar", explicou.
Maurício Schwambach é um dos donos da Real Alagoas e estava presente na reunião como representante na da mesma. A empresa já teve três ônibus incendiados nas últimas semanas, todos em seus determinados terminais. Segundo ele, a insegurança não está só presente nos corujões.
"Só este mês a Real Alagoas já teve mais de 300 mil reais em prejuízo com os incêndios acontecidos recentemente. Precisamos garantir a segurança, tanto dos passageiros, quanto dos nossos funcionários. A situação não pode ficar do jeito que está e o policiamento tem que continuar mesmo depois que os ataques passarem. Queremos uma medida imediata mas não passageira", ressaltou o empresário.