A maneira como o Governo de Alagoas distribuiu as cestas nutricionais durante a pandemia foi, mais uma vez, alvo de críticas feitas pela deputada Jó Pereira, do mesmo partido do governador Renan Filho (MDB). De acordo com ela, o Estado adotou critérios próprios, ignorando as regras estabelecidas pelo Conselho do Fecoep [Fundo Estadual de Combate à Erradicação da Pobreza], não alcançou a população mais necessitada e, o mais grave, entregou a quem estava fora do CadÚnico.
Na sessão ordinária desta quarta-feira (20), foi discutido o requerimento apresentado pela deputada em que ela cobra do governador esforços para atender a universalidade das famílias alagoanas de extrema pobreza, assim inscritas no Cadastro Único do Governo federal, com a distribuição das cestas nutricionais ou, preferencialmente, com a entrega de um auxílio financeiro.
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Jó Pereira denuncia que as cestas financiadas pelo Fecoep são insuficientes, pois "beneficiam menos da metade das 403 mil famílias inscritas no CadÚnico e as que estão na extrema pobreza.
Ela diz que, além da insuficiência numérica das cestas disponibilizadas pelo Governo do Estado, a distribuição esqueceu os critérios pré-estabelecidos pelo Fundo de Combate à Pobreza, que considera a proporcionalidade do número de pessoas na extrema pobreza com relação à quantidade de habitantes de cada município. "Os critérios adotados pelo Governo ocasionaram uma distorção na entrega e deixando milhares de alagoanos, nessa condição, sem o devido atendimento".
Ainda conforme Jó Pereira, 20 mil cestas, sem o crivo do Fecoep, foram entregues às comunidades indígenas e quilombolas. "Isto sem especificar o quantitativo e as localidades a serem atendidas, tampouco o critério de logística a ser adotado, tendo em vista que as demais cestas nutricionais foram entregues pelos municípios".
A deputada pede que o Governo assista as 223 mil famílias que não foram atendidas, neste momento, pelas cestas nutricionais. São pessoas, segundo ela, que vivem na condição de extrema pobreza e passam ainda mais dificuldades, agora, durante o enfrentamento da pandemia de Covid-19.
Ela ainda lamentou a distribuição feita em Arapiraca para pessoas que estão fora do CadÚnico, reafirmando a falta de universalização dos critérios para atendimento a quem mais precisa e tem prioridade no instante atual. Citou a ausência de planejamento do Estado e de diálogo técnico e político com a Casa de Tavares Bastos, sobretudo nesta pandemia.
O discurso de cobrança da parlamentar ainda alcançou o líder do Governo na Assembleia Legislativa. Mencionando o pedido de união dos parlamentares, feito pelo deputado Silvio Camelo (PV), na sessão dessa terça-feira, Jó Pereira deu uma espécie de 'puxão de orelha' no colega para que crie oportunidades para abrir o canal de discussão dos temas com o Palácio República dos Palmares.
"Vossa Excelência é a estrada, a rodovia larga, a ponte, e é o que nos une para conseguir o que é tão pedido e desejado nesta Casa, que é união. Não é uma liderança, um relacionamento de liderados e líder, mas um relacionamento de pessoas que querem construir um Estado melhor, de pessoas que querem contribuir com o momento que estamos passando. Não entendo que tenha o desejo de algum parlamentar prejudicar o Governo, mas as coisas têm que acontecer para que o agora possa construir o futuro", argumentou a parlamentar.
E ainda acrescentou: "Falta diálogo e proximidade com o Parlamento e com os técnicos que executam as políticas do Estado de Alagoas", disse Jó Pereira, sendo bastante elogiada pelos pares que a sucederam.