Militantes petistas reagiram contra o texto da reforma da Previdência do governo Renan Filho (MDB), que acentuou o arrocho do Estado contra os servidores e sepultou as conquistas históricas do funcionalismo público de Alagoas. O texto foi aprovado na última semana na Assembleia Legislativa Estadual (ALE). Em uma nota de repúdio interna, os movimentos do PT, que se apresentam como Articulação de Esquerda, Democracia Socialista, Diálogo e Ação Petista e Esquerda Popular Socialista, tomam uma posição diferente da presidência estadual e marcam um posicionamento contundente contra Renan e a favor dos trabalhadores alagoanos.
O tom categórico da sigla em nada se parece com as declarações tímidas dadas pela Presidência do Partido dos Trabalhadores (PT) enquanto o projeto era discutido na ALE. A ausência do partido - que leva o nome de trabalhadores - também foi sentida nos protestos. Os militantes alertam que o projeto aprovado é eivado de inconstitucionalidade e dizem que o "governo do Estado, sem transparência alguma, impede que os servidores e a sociedade conheçam os verdadeiros dados sobre a situação da Previdência estadual, e segue o exemplo do governo federal, que mentiu à Nação, apresentando dados falsificados da Previdência Pública Nacional".
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Perguntado sobre o teor do texto, Ricardo Barbosa, presidente do PT e aliado de Renan Filho, disse ter conhecimento do conteúdo, mas informou ainda que a nota não representa o pensamento do partido.
"Infelizmente, o governo de Alagoas pratica a mesma política neoliberal de Bolsonaro/Paulo Guedes no governo federal: arrocho salarial, recusando-se a repor as perdas inflacionárias; desigualdades imensas, com a grande maioria dos servidores que realmente atende ao público recebendo baixos salários; descaso com o serviço público; desrespeito aos direitos sociais da população; privatizações; autoritarismo e a ausência de diálogo com a sociedade", diz um trecho do comunicado assinado por quatro correntes do Partido dos Trabalhadores.
Os militantes ressaltam que o "aumento da alíquota para 14% da taxa de contribuição do servidor representa uma redução de salários para todo o funcionalismo público estadual, que mais uma vez não teve nenhuma reposição salarial no ano de 2019".
"Somado ao desmonte apresentado acima, há também a medida que reduz a pensão por morte para 50% do salário recebido pelo/a servidor/a em vida. Vale salientar que essa pensão é, muitas vezes, a principal renda de diversas famílias no cotidiano do estado, principalmente se acompanharmos os altos índices de desemprego dos últimos anos. E agora, além da dor emocional pela perda do/a familiar, haverá a dor de ver toda renda familiar desestruturada, por uma política desumana e desonesta para com aqueles e aquelas que doaram suas vidas para o desenvolvimento econômico e social do estado", alertam os militantes do partido.
A nota demonstra ainda solidariedade aos servidores e, diferentemente do que foi visto durante a votação do texto no parlamento, diz que caminha ao lado deles contra o arrocho do governo Renan Filho.
"A militância do PT solidariza-se com os servidores estaduais, e com as lutas da população alagoana para que seus direitos sociais sejam respeitados. Repudiamos a política neoliberal do governo de Alagoas, assim como enfrentamos e denunciamos os desmandos do governo federal e sua reforma da Previdência Pública - que só tem por objetivo favorecer aos banqueiros e aos grandes empresários", conclui o texto que ganhou as redes sociais.