Após uma semana da operação Florence Dama da Lâmpada, executada pela Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e Controladoria Geral da União (CGU) sob a acusação de desvios de recursos no valor de aproximadamente R$ 30 milhões na Secretaria Estadual da Saúde (Sesau), o governador Renan Filho (MDB) mantém silêncio sobre o caso e é cobrado por representantes de Alagoas no Congresso Nacional.
O senador Rodrigo Cunha (PSDB) e o deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB), manifestaram-se publicamente sobre a questão e consideram que a corrupção tomou conta da atual administração estadual.
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Na ação, que teve como objetivo desarticular organização criminosa que atua em serviços de órtese, prótese e materiais especiais (OPME) no estado, a filha do vice-governador, Luciano Barbosa, a dentista Lívia Barbosa, chegou a ser presa sob acusação de fazer parte do esquema, o que fez com que o gestor saísse em defesa da "inocência" dela e, na ocasião, declarasse que "há uma disputa política" e que a operação vinha da "inveja" de opositores à gestão do governador Renan Filho.
A justificativa adotada por Luciano Barbosa foi contestada por diversos integrantes da bancada alagoana no Congresso Nacional. No Senado, Rodrigo Cunha chegou a constatar que nem mesmo integrantes do MDB, partido do governador, acreditavam na hipótese de "perseguição política" utilizada por Luciano Barbosa em suas justificativas.
"Impressiona que nenhuma medida seja tomada e os suspeitos continuem ordenando despesa, cuidando do dinheiro do povo alagoano. Torcemos para que as coisas deem certo, ao que me parece, não há ninguém fazendo oposição por oposição, portanto não há perseguição", declarou JHC por meio do Twitter.
O parlamentar foi ainda mais adiante e considerou que, após cinco operações realizadas pela PF na gestão Renan Filho, o governo se caracteriza pelo símbolo da corrupção, que, para o deputado, tem prejudicado cada vez mais a vida do alagoano.
"A corrupção no governo de Alagoas tem se tornado uma metástase e já atingiu áreas vitais como a Saúde e a Educação. Aos poucos vai se tornando um holding da corrupção. Qual o limite dessas pessoas?", questionou o deputado.
Em entrevista ao jornalista Ricardo Mota, no programa Doze e dez notícias, o senador Rodrigo Cunha reforçou que o governador tem de vir a público, para explicar o que está acontecendo em sua gestão e quais as providências que vem adotando, diante da operação dos órgãos federais mais uma vez na pasta da Saúde - a PF já realizou na secretaria as operações Sucupira, Correlatos e, agora, a Florence Dama da Lâmpada.
Apesar das cobranças, feitas principalmente pela oposição, Renan Filho tem optado pelo silêncio e adotado como medida a reintegração de suspeitos de envolvimento em fraudes na gestão estadual, a exemplo de Wagner Morais de Lima, diretor-presidente da Agência de Modernização da Gestão e Processos (Amgesp), o todo-poderoso comandante dos certames licitatórios do governo do Estado, que chegou a ser preso pela PF, no último mês de setembro, após a realização da operação Casmurros na Secretaria Estadual da Educação (Seduc).
Em 2017, Wagner Morais também esteve envolvido em mais um caso de polícia na atual gestão estadual, a operação Sucupira, que investigou irregularidades no programa de mestrado profissional da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) destinado a integrantes do governo. Ele chegou a ser indiciado no caso.