Mesmo tendo enfrentado dificuldade para ter acesso à educação, Cícero Manoel, de 27 anos, destaca-se com a literatura de cordel, gênero popular frequentemente escrito na forma rimada. E o pensador popular leva a manifestação artística muito a sério, projetando-se como um fiel defensor desta cultura em Alagoas. Isso porque, além de difundi-lo nas escolas, o jovem escritor já lançou dois livros, tendo participação, inclusive, na fundação da Academia Alagoana de Cordel.
Agora, escreve seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que também tem o cordel como tema. Cícero nasceu em Garanhuns-PE, mas só nasceu, pois logo voltou para Santana do Mundaú, na Zona da Mata alagoana, onde vive até hoje. Foi na cidadezinha de pouco mais de 10 mil habitantes que o pensador popular começou a fazer suas rimas.
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Comovido com as dificuldades enfrentadas pelo povo sertanejo - a exemplo da seca -, Cícero resolveu retratá-las em forma de arte, abordando também seu encantamento com o fato deste mesmo povo encarar todas elas com imensa bravura. Inicialmente, pensou que seria cantor. Daí, considerou importante escrever seus próprios versos, quando passou a já fazer cordel "sem nem saber o que era".
"Meu avô sempre me falava: 'Você é tão estudado, mas nunca leu umfoiête'. E eu dizia: sei lá o que bexiga éfoiête. Então, no segundo ano do ensino médio, a professora me apresentou o cordel. Foi quando eu percebi que o tal cordel era exatamente o que eu fazia. Mostrei para a professora as minhas rimas e ela me incentivou tanto que consegui elaborar o que considero como sendo meu primeiro título, 'O Casamento Forçado'", recordou Cícero.

Atualmente, Cícero cursa Letras na Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e atribui a difusão de sua arte à ligação com a universidade. "Os professores passaram a conhecer meu trabalho. Foi quando tive a oportunidade de lançar meu primeiro livro. Logo depois, as escolas começaram a me solicitar para palestras", emendou.
