Após quase seis meses em missão no continente Antártico, sob o comando do Capitão de Mar e Guerra Antônio Braz de Souza, o Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel atracou no Porto de Maceió nesta quinta-feira (03), seguindo na capital alagoana até a próxima segunda (07).
A embarcação encontra-se em treinamento que abrange manobras militares e o controle de avarias, com o objetivo de aprimorar o adestramento de sua nova tripulação à pronta ação frente a possíveis avarias e acidentes a bordo, tendo em vista a longa jornada em ambiente inóspito.
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Deixou o Rio de Janeiro no último dia 22, passando pela cidade de Natal e atracando em Maceió pela primeira vez desde que foi adquirido pela Marinha, em 1994. No dia 07 de maio, seguirá rumo ao Porto de Vitória, já no retorno à sede do 1º Distrito Naval, no Rio de Janeiro.
E o navio trouxe para Maceió cerca de oito metros cúbicos de carga em material de manutenção para o Farol de Aracaju-SE, retornando ao Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) no dia 14 de maio, quando iniciará as devidas manutenções a fim de operar novamente na Antártica, entre outubro deste ano e março do ano que vem.
Neste período, a Marinha vai inaugurar a nova Estação Antártica Comandante Ferraz, com maior capacidade de acomodação de pessoal e com equipamentos capazes de ampliar a capacidade de pesquisas.
O navio
O Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel é o antigo M/V Polar Queen, pertencente à firma norueguesa Rieber Shipping e utilizado, desde a sua construção, em 1981, em expedições no Mar do Norte, no Ártico e na Antártica.
Sua aquisição teve como finalidade a substituição do NApOc Barão de Teffé, incorporado à Marinha do Brasil em 1982 e que já operava nessas regiões desde 1957, contribuindo, assim, para a execução do Programa Antártico Brasileiro, por meio de atividades de apoio logístico e pesquisas hidroceanográficas.
O "Gigante Vermelho" foi incorporado à Marinha do Brasil em 25 de abril de 1994, dando início a uma nova fase do programa em questão. Foi projetado para a operação em regiões polares e possui capacidade de navegar em campos de gelo fragmentado de até 80 centímetros de espessura.
A tripulação é composta por 78 homens, sendo 18 oficiais e 60 praças. Contudo, possui acomodações para mais de 27 pessoas, entre pesquisadores, oficiais de intercâmbio de marinhas amigas e órgãos de apoio e mídia.
Quem foi Ary Rongel?
Aspirante de 1914, o Almirante Rongel participou como segundo-tenente da 1ª Guerra Mundial nos Contratorpedeiros Mato Grosso e Sergipe, empregados na vigilância e patrulhamento do nosso litoral.
Especializou-se em armamento, mas, graças aos conhecimentos e experiências adquiridas autodidaticamente, foi considerado hidrógrafo em 1929, sendo designado instrutor do primeiro Curso de Especialização de Navegação e Hidrografia, inaugurado em 1934. A ele se devem várias publicações nos campos da Astronomia e Oceanografia, por exemplo.
Entre outras comissões hidrográficas, comandou o Navio Hidrográfico Rio Branco no levantamento do litoral sul, entre São Sebastião e Bom Abrigo. Por ocasião da 2ª Guerra Mundial, comandou o contratorpedeiro Greenhalg, então empregado na proteção de comboios no litoral Nordeste.
O almirante Rongel também chegou à chefia do Estado-Maior da Armada, onde permaneceu até a passagem para a reserva, contabilizando 48 anos de destacados serviços à Hidrografia, à Marinha do Brasil e ao país.