Situação e oposição protagonizaram um embate, durante a sessão plenária da Assembleia Legislativa Estadual (ALE), na manhã desta quinta-feira (30), acerca das denúncias de nepotismo e de sucessivos erros cometidos na administração do Laboratório Central de Saúde Pública de Alagoas (Lacen/AL). Os deputados Silvio Camelo (PV), líder do governo, e Davi Maia (DEM), que expôs os supostos desmandos, trocaram farpas ao defenderem os seus pontos de vista sobre este assunto.
O líder da oposição afirmou que "não se poderia defender quando não se tem argumentos" e sustentou as denúncias já feitas anteriormente, na própria Assembleia Legislativa. Ele cobrou explicações sobre a principal acusação feita: prática de nepotismo.
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"O líder do governo tenta rebater as denúncias expostas por mim, mas esquece a principal, que é o nepotismo claro existente no Lacen. Além disso, fica claro, e eu disse, sim, a data do e-mail, que o Estado só descobriu a falta de kits de testagem para coronavírus quando o primeiro óbito aconteceu", falou.
Ele acrescentou que todos os informes feitos por ele acerca do Lacen foram checados antes de expor na sessão plenária. "O que ninguém pode é dizer que eu menti ou que estou criandofake news. Agora, por outro lado, quando eu digo que o governador cria estas notícias falsas, eu provo. Cuidado com as palavras. Vossa Excelência não prova nada do que está dizendo", desafiou.
Maia aproveitou a fala para exigir que o Governo de Alagoas extermine o nepotismo no Lacen e elabore uma portaria para divulgar quais são as prioridades para a realização dos testes para coronavírus. "Isto é para impedir que furem filas", afirmou.
EM DEFESA DO LACEN
Sem mencionar os informes de prática de nepotismo, Camelo saiu em defesa da gestão do laboratório, rebatendo as acusações de insuficiência de testes para diagnóstico de coronavírus e nos procedimentos adotados desde a coleta das amostras nos pacientes até a divulgação dos resultados. Ele acusou o colega de Parlamento de "espalhar notícias falsas e de omitir algumas verdades". E levantou a possibilidade de que o deputado Davi Maia está sendo induzido ao erro por defender acusações infundadas.
"O Lacen é um órgão que presta grande serviço para a sociedade alagoana e, por este motivo, algumas verdades precisam ser ditas aqui. É um laboratório indispensável para o povo de Alagoas, de excelência, e que tem sido alvo de informações inverídicas. O que devemos evitar, agora, é disseminação defake news, para não prejudicar o trabalho que está sendo feito pelo Governo do Estado no enfrentamento da pandemia".
Segundo ele, o Ministério Público Estadual (MPE) tem acompanhado as reuniões do comitê de combate ao coronavírus e está por dentro dos critérios para a realização dos exames no Lacen. Silvio Camelo destacou que o governo estabeleceu prioridades para a realização dos testes, com base na gravidade do paciente. Além disso, procurou ampliar o número de procedimentos, contratando mais de 2 mil exames e mais 20 mil testes rápidos, capazes de detectar anticorpos nas fases aguda e crônica.
"Os testes no Lacen seguem protocolos rígidos e são várias as etapas: recebimento, triagem, preparação da amostra; extração do material genético; montagem da placa de análise; amplificação do material genético do vírus; interpretação dos exames; e liberação dos resultados. É um exame complexo de ser realizado", destacou.
Ele informou que a colaboração entre os Lacens do Brasil é corriqueiro e rebateu que haveria amostras com mais de 30 dias da coleta. "Conseguindo liberar até 48h os resultados com as prioridades clínicas. Os demais são liberados, em média, quatro dias após o recebimento".
Ele também rebateu a denúncia de que o e-mail da funcionária do Lacen referendava a falta de kits no Estado. Ele detalhou que a mensagem enviada é datada de 31 de março e refere-se à previsão da solicitação da chegada de novos kits para o Lacen a fim de que pudesse ser organizado. "Esta data foi omitida pelo deputado", acusou.
O parlamentar ainda mostrou fotos do que seriam três equipamentos para conservação das amostras, disponíveis no Lacen/AL, para atestar que não tem aparelhos quebrados no laboratório.
Em meio ao embate, o deputado Francisco Tenório (PMN) ergueu a "bandeira da paz" e pediu união dos colegas, apesar de cobrar de Davi Maia provas mais contundentes dos possíveis erros na gestão do laboratório.