Responsável pela articulação política com o Congresso, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general da ativa Luiz Eduardo Ramos, se justificou com os colegas do Exército pela aproximação do Planalto com o Centrão. Em uma mensagem enviada aos integrantes da turma de 1979 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), Ramos argumentou que o presidente Jair Bolsonaro precisa de uma base no Congresso, mas que não há corrupção no governo e que, por ele, "não passa nada que não seja republicano, legal e ético". O ministro disse, ainda, que pensava em voltar ao Exército neste ano, mas afirmou que não o fará porque "a guerra continua".
"Senhores, estou aqui pelo Brasil! Achei que essa missão seria cumprida e eu pudesse retornar para minha farda ainda este ano, mas a guerra continua e não tem data para o armistício, e não posso abandonar minha posição", escreveu.
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A explicação foi dada pelo ministro na terça-feira (26/05) após o Estadão mostrar que militares passaram a negociar cargos com partidos em troca de apoio a Bolsonaro, que tenta evitar a abertura de processo de impeachment no Congresso. O papel negociador do governo já foi exercido por políticos como Geddel Vieira Lima, Antonio Palocci e José Dirceu, auxiliares de Michel Temer, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, respectivamente. Apelidada em Brasília de "Centrão Verde-Oliva" e "Centrão Militar", a aproximação gera desconforto nas Forças Armadas.
Em um longo texto, Ramos disse aos amigos que não é político, mas um soldado, discípulo de Caxias. "Soldado não escolhe missão, ele a recebe e a cumpre", escreveu. "Como em qualquer missão, o terreno e as forças adversas são condicionantes que temos que superar e assim o farei", emendou o ministro, ressaltando que foi convocado por Bolsonaro e autorizado pelo comando do Exército.
A negociação feita por Ramos, eventualmente com a participação do ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, tem o aval do presidente. Do outro lado do balcão, o principal negociador é o líder do Progressistas na Câmara, deputado Arthur Lira (AL), que, informalmente, passou a exercer a liderança do governo. O Centrão de Bolsonaro ainda conta com Republicanos, PL, PSD, Solidariedade, PTB e parte do DEM.