O total de áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia bateu recorde em janeiro de 2020. De acordo com os dados do Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter-B), do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram emitidos alertas para 284,27 km² de floresta - maior índice para o mês desde que começou a série histórica, em 2016.
Se comparado com os dados de janeiro de 2019, quando os alertas somaram 136,21 km², houve um aumento de 108%. O número mantém a tendência já verificada de aumento no desmate: no ano passado, os alertas subiram 85% na comparação com 2018.
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Na análise do trimestre (novembro, dezembro e janeiro), o recorde também foi verificado: foram feitos alertas para a devastação de 1.037 km², a maior área para o período desde que começou a medição. Os especialistas indicam considerar a análise do trimestre para evitar, por exemplo, que a leitura dos dados coletados pelos satélites sejam afetados por interferência de nuvens.
O climatologista Carlos Nobre, cientista e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP, alerta para o risco concreto de o desmatamento atingir patamares ainda mais altos neste ano do que os verificados em 2019.
"É bastante preocupante o aumento registrado em janeiro de 2020. Indica que os fatores que causaram o aumento do desmatamento em 2019 continuam muito ativos. É hora de uma ação efetiva e abrangente de fiscalização e contenção das ilegalidades na Amazônia" - Carlos Nobre, climatologista
Alertas para fiscalização
Os alertas do Deter são baseados em imagens de satélite e servem para orientar ações de fiscalização. Os dados não são a taxa oficial de desmatamento, que é divulgada uma vez ao ano por meio do Prodes, abrangendo o período de agosto de um ano a julho do ano seguinte.
No entanto, os alertas do Deter são um indício da tendência de devastação. A taxa mais recente, divulgada em novembro de 2019, apontou aumento de 30% no desmatamento da Amazônia, se comparado ao período anterior.
Além disso, ano após ano, a área sob alerta indicada pelo Deter é confirmada pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), inclusive indicando que o total de alertas subestima o desmatamento total. No ano passado, a taxa oficial de desmatamento foi 42% maior do que apontava sistema de alertas do Inpe.