Um júri em uma corte federal de Los Angeles, na Califórnia, decidiu, de forma unânime, a favor do bilionário Elon Musk nesta sexta-feira (6) no caso em que ele é acusado de difamar um explorador de cavernas ao chamá-lo de "pedófilo" no Twitter.
O explorador, Vernon Unsworth, ganhou fama internacional por desempenhar um papel de liderança no resgate de 12 meninos e seu treinador de futebol de uma caverna na Tailândia em julho de 2018.
Leia também
Unsworth pedia uma indenização de US$ 190 milhões (cerca de R$ 787 milhões) contra Musk - que é presidente-executivo da Tesla, fabricante de carros elétricos, e da empresa de exploração espacial SpaceX.
O advogado de Unsworth chamou o magnata de "valentão bilionário" que havia "jogado uma bomba nuclear" em seu cliente com os tuítes (entenda o impasse mais abaixo na reportagem).
O patrimônio líquido de Musk está em torno de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 83 bilhões), segundo a Reuters. Ele foi classificado pela revista Forbes como o 40º homem mais rico do mundo.
Musk testemunhou em sua própria defesa durante o caso. "Minha fé na humanidade está restaurada", declarou o bilionário ao sair do tribunal, nesta sexta (6), depois do veredito.
O júri foi composto por 5 mulheres e 3 homens, que foram questionados sobre sua imparcialidade - incluindo se eles poderiam ser justos com um bilionário, como Musk, ou com pessoas que moravam na Tailândia, como Unsworth.
Um homem foi dispensado depois de dizer que estava concorrendo a um emprego na Tesla. Duas mulheres foram consideradas inadequadas depois de dizerem que seguiam os Musk no Twitter - e que, por isso, não poderiam ser imparciais.
Durante o processo, o advogado de Unsworth, L. Lin Wood, disse que o comentário de Musk foi uma ofensa que iria obscurecer os relacionamentos e as perspectivas de emprego de Unsworth nos próximos anos, e instou os jurados a "ensinar uma lição" ao magnata, segundo a Reuters.
Mas o júri foi influenciado pelos argumentos do advogado de Musk, Alex Spiro, que afirmou que o tuíte surgiu de uma discussão entre dois homens e representou um insulto sem consideração, que ninguém poderia levar a sério.
"Em discussões, você insulta as pessoas", disse Spiro. "Não há bomba. Nenhuma bomba explodiu."
Acredita-se que esse caso seja o primeiro grande processo de difamação a ir a julgamento por causa de tuítes.
O impasse
O episódio começou depois que Musk ofereceu um minissubmarino da SpaceX para ajudar no resgate na caverna.
No dia 13 de julho do ano passado, três dias após a conclusão do resgate, Unsworth disse à CNN que a oferta era uma "manobra de relações públicas", e que Musk poderia "enfiar o submarino onde dói".
Dois dias depois, Musk atacou Unsworth em uma série de tuítes, incluindo um em que o chamava de "pedófilo". Musk depois pediu desculpas por esse comentário, dizendo que era um insulto comum na África do Sul, onde ele cresceu. Unsworth nega as acusações de Musk.
Os advogados de Musk disseram que os tuítes eram opinião dele, não declarações de fato. Eles também disseram que Unsworth procurou lucrar com seu papel no resgate e provocou a resposta de Musk, ao sugerir em entrevista que o bilionário não se importava com a vida dos meninos presos.