Técnicos da Superintendência de Vigilância em Saúde do Estado, diante do grave derramamento de óleo cru, que também atingiu praias alagoanas, tomaram uma atitude importante: produziram nota informativa para tratar preventivamente da saúde humana. No texto, há ainda orientação sobre medidas que devem ser adotadas em caso de contato com o produto, além de recomendação a ser seguida no ato da compra de pescados.
Lamentavelmente, a iniciativa louvável dos técnicos da Saúde praticamente se converteu numa espécie de circular apropriada a um serviço secreto, porque o governo de Alagoas não massificou tais informações preciosas, o que já deveria ter feito. O fato em tela enseja questionamentos em relação à comunicação de Renan Filho, que prioriza a destinação de vultosos recursos para promoção de imagem, em detrimento da veiculação continuada e efetiva de campanhas de utilidade pública.
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A distorção é de tamanha gravidade que o Hemoal vive recorrentemente pedindo socorro, com seus estoques de sangue abaixo do nível mínimo suportável. Nas redes sociais, tornou-se comum ver famílias buscando doadores para seus entes queridos. Até parlamentares já efetuaram apelo à doação pela tribuna do Legislativo estadual. E por aí segue.

Cadê a campanha em defesa do "disque-denúncia", que continua enfrentando ataques criminosos dos passadores de trotes? E as peças educativas de trânsito, além de tantas outras mensagens de conscientização que deveriam ser massificadas? No campo da informação oficial, as coisas úteis clamam sempre por luz.
O tema anda sob exame do Parlamento brasileiro. Na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, por exemplo, há projetos referentes à propaganda governamental. Um deles prevê que as peças publicitárias bancadas pelo erário informem quanto custaram. Já outro determina que, do total de recursos despendidos com publicidade pelos órgãos públicos, haja a obrigatoriedade de um percentual reservado a campanhas educativas, pois existem governantes que desdenham delas.
Instrução normativa federal conceitua a comunicação pública como aquela realizada com vista a garantir o direito à informação. Por isso, a propaganda de utilidade pública, que não orbita no universo promocional do oba-oba, é destinada a divulgar direitos, produtos e serviços colocados à disposição das pessoas, com o objetivo de informá-las e educá-las em prol do bem comum. Fora dessa seara, portanto, há distorções que flertam com a ilegalidade e a suspeição. Coisa da velha política.
