A possível saída do presidente Jair Bolsonaro (PSL) pode prejudicar todas as articulações, filiações e movimentos feitos pelo partido, em Alagoas. Como ainda não foi oficializada, mesmo com o afastamento determinado pelo presidente da legenda, Luciano Bivar, o presidente do partido no Estado, Flávio Moreno, negou esse fato.
"Não há, da parte do presidente, qualquer formulação sobre uma suposta transição de partido", afirmou Moreno, por meio de aplicativo de mensagem.
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A posição oficial, entretanto, data de segunda-feira, quando o porta-voz do Planalto, Otávio do Rêgo Barros, deixou de lado a formalidade do cargo e fez um comentário de natureza político-partidária.
"Caso venha a existir mudança nessa conjuntura, saberemos. Não acredito que ele queira sair. Disputas são normais em qualquer partido político. Existem disputas dentro da própria família, imagine em um partido político que cresceu e hoje é o maior do país. É normal", acrescentou o dirigente do PSL.
Crise
A crise entre Bolsonaro e o PSL começou quando o próprio presidente da República afirmou que Luciano Bivar "está queimado". A revelação, transmitida ao vivo, pela internet, para um apoiador, que o filmava em frente ao Palácio da Alvorada, teve um novo capítulo na tarde de hoje.
Depois de confirmar que Bolsonaro, de fato, desaconselhou o jovem pernambucano a esquecer o PSL, Bivar decidiu se posicionar pelo afastamento.
Pouco antes do contato com o presidente da legenda em Alagoas, o portal da Revista Veja havia confirmado que Bolsonaro deixa o partido. Ainda assim, Moreno preferiu manter-se fiel à defesa da unidade.
Organização
Ele lembrou que, em Alagoas, onde Bolsonaro obteve o melhor percentual de votos do Nordeste, no momento, o PSL já tem 50% dos diretórios municipais montados.
"Já estamos com estratégias e avançando o partido para o crescimento em 2020. Essas discussões de âmbito nacional deixamos para as instâncias nacionais do partido. Até uma decisão diferente, o presidente Bolsonaro continua no partido. Foi a legenda que abriu as portas e viabilizou sua eleição", lembrou Moreno, como tem feito outras lideranças país afora.
E continuou: "Foi a legenda que abriu as portas e viabilizou sua eleição. Sem o registro em um partido político, não poderia ser candidato, assim como os governadores e parlamentares eleitos pelo PSL. Deus é maior do que todos nós, o caminho determinado por Ele já está escrito antes de nós nascermos. Independentemente do que ocorra, continuamos trabalhando para avançar com a direita em Alagoas e nacionalmente", completou o peselista.
Em seguida, mudou de assunto e preferiu falar dos avanços do governo, até aqui, em várias áreas, incluindo Alagoas.
"Vamos dar continuidade aos projetos e obras do governo federal em nosso Estado. O Governo Federal já disponibilizou o montante de R$ 1,06 bilhão em gastos diretos para toda Alagoas, para atender os 3.120.494 moradores do Estado. Isso sem contar os benefícios diretos ao cidadão, o que inclui o Bolsa Família, o BPC, a Garantia-Safra e o Seguro Defeso, que juntos somam mais de R$ 1,5 bilhão. Esses recursos somam-se ainda aos repasses constitucionais e legais aos municípios e Estado. Ou seja, o Governo Federal é um grande fomentador da economia do Estado", finalizou Moreno.
Futuro
Mas, até aqui, os bastidores políticos indicam que, de fato, Bolsonaro está com o pé fora da legenda, articulando, inclusive, a criação de uma outra força que pode ser fruto da fusão do Avante com o Podemos.
A única exigência, conforme se especula, é que este tenha o total controle do presidente por meio de sua família, já que Bivar barrou isso e, ao mesmo tempo, ficou sem espaço na estrutura administrativa com indicações para os segundo e terceiro escalões.