Uma operação integrada fechou, nessa segunda-feira (19), um local utilizado como laboratório de refino de drogas, situado no município de Rio Largo. Lá, os policiais apreenderam 6,5 kg de cocaína pronta, material para o refino, armas e maconha. Um homem foi preso e o irmão dele, que já está no sistema prisional, também foi responsabilizado por comandar os trabalhos neste espaço clandestino. Se a cocaína fosse vendida, poderia render até R$ 40 mil aos suspeitos.
Os detalhes desta ação foram repassados numa entrevista coletiva, na manhã desta terça-feira (20), por agentes que participaram da ação. De acordo com a polícia, Thiago Francisco de Lima Silva, de 32 anos, coordenava os trabalhos no laboratório. Ele seria uma espécie de químico, era reeducando e usava tornozeleira eletrônica. Já foi preso por tráfico de drogas e associação criminosa.
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A investigação apontou que o verdadeiro comando do refino de droga em Rio Largo era do irmão de Thiago, o reeducando Anderson Rafael Moreira de Lima Silva, de 34 anos. Conhecido como 'Fiel', ele tem duas entradas no sistema prisional: uma em 2011, sendo liberado em 2017, e outra em 2018, pelos crimes de roubo, tráfico e porte ilegal de arma de fogo.
Duranta a operação, foram apreendidos insumos usados para misturar a droga antes da venda. Além de gesso, os suspeitos também utilizavam bicarbonato de sódio e ácido bórico. Foi recolhido, ainda, aproximadamente 1 kg de maconha e duas armas de fogo, sendo uma espingarda calibre 12, utilizada inclusive pela polícia, e uma pistola calibre 765, com munições de diversos calibres.
"O grupo estava bem abastecido de material bélico para fazer a segurança desse ponto de tráfico", afirmou o delegado Gustavo Henrique, da Delegacia de Narcóticos. Segundo ele, o laboratório funcionava em casas interligadas, no bairro Gustavo Paiva.
De 2016 pra cá, as apreensões de cocaína aumentaram, enquanto as de maconha caíram. "Demonstra que os traficantes estão migrando e passaram a comercializar a cocaína. Isso se deve a alguns fatores, como margem de lucro que é maior com a cocaína. Com um quilo de pasta base conseguem, após as misturas, converter em 3, 4 quilos da droga. Outro fator é que é mais fácil transportar 4, 5 quilos de pasta base do que 500 quilos de maconha, tendo um faturamento até maior", explicou o delegado.

Gustavo Henrique disse que o perfil do usuário também está se modificando, com o preço da cocaína ficando mais acessível. "Atualmente, ela [a droga] está espalhada em diversas cidades do estado. Ela ingressa no Brasil sempre na forma de pasta base produzida na Colômbia, Bolívia ou Peru. Ingressam pela vista terrestre e em laboratórios clandestinos, a exemplo desse ela é refinada dando origem à cocaína e com o que sobra ao crack".
Antigamente, esses laboratórios eram mais comuns no Sul e Sudeste. Em estados como Alagoas era mais raro, mas só esse ano foram desbaratados três deles aqui. "Eles estão aprimorando a técnica, aprenderam a fazer o refino das misturas e, agora, estão fazendo isso aqui no estado. Isso faz aumentar os lucros deles".
A investigação tem apenas um mês e ainda será aprofundada para descobrir as outras pessoas envolvidas, inclusive os fornecedores dos insumos e também quem distribuía a droga pronta. "Em geral, não utilizam grandes centros para essas atividades, porque chama a atenção. Costumam usar áreas mais afastadas, periféricas,e depois fazem a comercialização nas grandes cidades", explicou o delegado.