Um ato ecumênico seguido de uma caminhada, na manhã desta terça-feira (17), no centro de Maceió, marcaram os 20 anos de um dos episódios mais cruéis da história do Brasil: o massacre de Eldorado dos Carajás. Movimentos de trabalhadores rurais também lembraram os dois anos do que chamam de "golpe contra a democracia", quando aconteceu o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Uma parte do grupo que estava acampado na Praça Sinimbu foi até a Praça Deodoro para o ato precedido por uma missa no local e depois disso uma marcha pela região central da cidade.
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Segundo Marcos Antônio da Silva, o "Marrom", coordenador estadual do Movimento Via do Trabalho (MVT), a programação faz parte do abril vermelho. "É um ato em defesa da reforma agrária e da vida. Estamos em Maceió desde sábado para cobrar do Governo Federal, do Incra e do Governo do Estado. Ontem, conseguimos marcar uma reunião com o governador e vamos discutir essas demandas com ele".
Ele disse que, nos últimos dois anos, tem crescido a violência no campo, com massacres e perseguições no Brasil e em Alagoas. "Por isso, estamos mais uma vez em Maceió. Só esse ano é a oitava vez e não é fácil. Não queremos estar em Maceió, queremos estar no campo, produzindo. Mas, somos obrigados e estamos aqui em defesa da reforma agrária, contra prisões ilegais e contra esse massacre", explica.

Além dessa questão, na audiência marcada para esta quarta-feira (18), às 10h, no Palácio República dos Palmares, os trabalhadores pretendem cobrar que as usinas Laginha e Guaxuma, da massa falida do Grupo João Lyra, sejam colocadas para a reforma agrária.

A pauta a ser discutida conta com mais de 15 itens, como desapropriação, apoio à agricultura familiar, educação no campo e o Fecoep [Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza], onde os movimentos cobram uma cadeira para que também possam discutir a destinação dos recursos.
São cerca de 3.500 pessoas acampadas na Sinimbu. No ato, na Deodoro, estão vários movimentos do campo com as centrais sindicais.