Quem circula pelo centro de Maceió não tem dificuldades de encontrar as famosas lojas dos chineses e nem de dar de cara com os senegaleses que escolheram Alagoas para ganhar a vida. Os orientais ocupam lojas físicas e até fornecem notas fiscais, mas os africanos, na informalidade, precisam sempre mudar de ponto, devido à fiscalização da Superintendência Municipal de Controle e Convívio Urbano (SMCCU), que apreende mercadorias de ambulantes irregulares na capital.
Não se tem ideia quantos estabelecimentos os chineses ocupam hoje no centro de Maceió, mas há uma estimativa que estejam em 23 lojas, sendo de artigos para celulares, bolsas femininas, eletrônicos, como também lanchonetes.
Leia também
Sempre desconfiados, os chineses não são muito abertos à conversa ou quase não entendem o que se diz. Com respostas curtas e com o português um pouco enrolado, eles se limitam apenas a fechar negócio ou dar poucas explicações sobre os objetos.
Liang Zhang, de 31 anos, respondeu rapidamente sem saber que estava sendo entrevistado. Ele relatou que veio para Maceió há 5 anos e que seus colegas, das lojas ao lado, vieram com o mesmo objetivo: ganhar a vida e ajudar a família que ainda está China.
Apesar de disponibilizar notas fiscais a cada venda, a troca de produtos não é garantida por eles. Apenas defeitos constatados dentro da loja dá o direito de trocar o objeto. Ao sair da loja, todo e qualquer defeito não é válido.

Ao ser questionado sobre as demais lojas que compõem a simples galeria onde os chineses estão instalados, ele falou que estas e os demais estabelecimentos são de amigos. A maioria traz a família junto para ajudar no negócio. Segundo Liang Zhang, boa parte dos orientais mora em apartamentos no bairro da Ponta Verde e Jatiúca.
Segundo a Associação Comercial, os chineses estão instalados no comércio de Maceió há anos e os preços atrativos dos produtos chamam atenção de clientes e eles mesmos abastecem boa parte dos camelôs, por causa dos preços baixos.
Segundo a assessoria, os contratos de aluguéis fechados por eles são de 365 dias, sendo renovado a cada ano. Costumeiramente, os chineses pagam o negócio à vista, devido à ausência de fiadores. Uma funcionária de uma das lojas, que não quis se identificar, revelou que as transportadoras chegam com caminhões lotados de mercadorias e a carga com o frete é paga também à vista.
Senegaleses
Sujeitos de cara fechada e de poucos amigos. São assim descritos os senegaleses pelas demais pessoas que também trabalham pelo calçadão do comércio. Sempre trabalhando em duplas e trios, o grupo de africanos se separa para vender as miudezas. São relógios e joias, que se parecem com ouro e prata, mas a procedência não é garantida.

Em conversa informal, um deles relatou que a maioria dos produtos é oriunda de São Paulo e que a cada três meses viaja para a capital paulista para repor o estoque.
Ao contrário dos chineses, os africanos moram no bairro do Bom Parto e enfrentam dificuldades para chegar ao centro de Maceió. Outro ponto é a atuação dos fiscais da SMCCU que, vez por outra, fiscalizam e espantam os senegaleses.
Em contato com o Departamento de Imigração da Superintendência da Polícia Federal em Alagoas, a Gazetaweb foi informada que os chineses estão em situação regular no país e periodicamente o consulado chinês visita Maceió para atualizar as informações dos imigrantes. Já sobre os senegaleses, boa parte do grupo está no estado de forma irregular e que, caso sejam pegos, serão deportados para o país de origem.