Mais de 1.500 trabalhadores de diversos assentamentos do interior do estado ocuparam as dependências da Secretaria de estado da Fazenda (Sefaz), na manhã desta segunda-feira (16), para reivindicar pontos da reforma agrária, como uma das ações da Jornada Nacional de Lutas. O principal pleito contempla a aquisição das terras da Usina Laginha em favor dos assentados.
De acordo com o coordenador estadual do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Josival Oliveira, as famílias chegaram a Maceió ainda na noite desse domingo (15), acampando na Praça Sinimbu, no Centro. Hoje, pela manhã, os camponeses se dirigiram - em passeata - para o prédio da Sefaz.
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"Uma comissão de trabalhadores se reuniu com o secretário para apresentar as reivindicações e tentar um acordo. Enquanto isso, entoamos palavras de ordem e cantamos músicas de luta pela terra. Porém, havendo ou não acordo, voltaremos à praça, que é a nossa base", comentou Josival, acrescentando que famílias de diversos municípios de Alagoas participam do ato.

Na oportunidade, os manifestantes também lembraram o Massacre de Eldorado dos Carajás, que vitimou dezenas de trabalhadores rurais no Pará, cobrando, ainda, informações sobre as terras da Laginha. O objetivo, segundo o coordenador do MLST, é saber ao certo o montante da dívida da usina junto ao governo estadual.
"Existe a possibilidade de esta dívida ser sanada com a reforma agrária. Neste caso, o débito seria transformado em concessão de terra. Mas isso não basta, pois, cobramos também celeridade na liberação de crédito, além de melhorias nos assentamentos que não possuem escolas e postos de saúde, por exemplo", ressaltou Josival.
Nesta terça (17), os trabalhadores vão se concentrar na Praça Deodoro, em frente ao Tribunal de Justiça (TJ), já a partir das 7h30, a fim de apresentar a mesma pauta de reivindicações ao Poder Judiciário. O grupo planeja, ainda, uma audiência com o governador Renan Filho (PMDB), no Palácio República dos Palmares.
Reunião com secretário
O secretário de Estado da Fazenda, George Santoro, por sua vez, garantiu seguir aberto ao diálogo, mas disse não poder fornecer informações sobre o débito da massa falida da Laginha - pertencente ao grupo João Lyra -, em razão do sigilo fiscal. "Mas demos um encaminhamento às questões em pauta. Marcaremos uma reunião com o governador para definir os próximos passos", afirmou.
Também participaram da reunião com representantes dos seis movimentos presentes a secretária do Tesouro Estadual, Renata Santos, o secretário especial da Receita Estadual, Luiz Dias, e o diretor-presidente do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas, Jaime Messias, além de integrantes do Gerenciamento de Crises da Polícia Militar.
