
Mesmo com a saúde debilitada, a morte do papa Francisco, na segunda-feira (21), foi recebida com surpresa pela Igreja Católica e por membros da cúpula do Vaticano. O pontífice sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), seguido de um quadro de insuficiência cardiorrespiratória.
As horas finais do papa foram marcadas por encontros com fiéis, mensagens de esperança e até mesmo uma reunião com o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance. Francisco também esteve rodeado de seus auxiliares mais próximos.
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10h30: Missa de Páscoa
Antes da celebração, no domingo (20), Francisco cogitava fazer uma surpresa aos fiéis e realizar um passeio de papamóvel após a bênção na Basílica de São Pedro. O papa, no entanto, chegou a hesitar.
“Você acha que eu dou conta?”, perguntou ao enfermeiro Massimiliano Strappetti.
O enfermeiro tranquilizou o papa e o ajudou a organizar o passeio. No sábado (19), os dois revisaram juntos o trajeto que Francisco faria no dia seguinte.
Na manhã de domingo, por volta das 10h30 (5h30 em Brasília), o papa acenou para os fiéis e fez um breve pronunciamento. Ao longo da missa, os celebrantes leram a homilia e a bênção Urbi et Orbi redigidas por ele.
"Neste dia, gostaria que voltássemos a ter esperança e confiança nos outros, mesmo naqueles que não nos são próximos ou que vêm de terras distantes, com usos, modos de vida, ideias e costumes diferentes dos que nos são familiares, porque somos todos filhos de Deus", diz um dos trechos.
Depois, Francisco embarcou no papamóvel e acenou para cerca de 50 mil fiéis que estavam na Praça de São Pedro. Foi a primeira vez que ele esteve em meio ao público após passar 38 dias internado com uma pneumonia bilateral.
Segundo o Vaticano, Francisco finalizou o passeio "cansado, mas contente". Ele também agradeceu ao enfermeiro Strappetti por tê-lo ajudado na missão.
“Obrigado por me trazer de volta à Praça.”
11h30: Encontro com o vice-presidente dos EUA
Após a missa, o papa recebeu o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance. O encontro aconteceu por volta das 11h30 (6h30 em Brasília), na Casa Santa Marta — onde Francisco morava.
Segundo o Vaticano, a reunião durou apenas alguns minutos. O papa presenteou Vance com uma gravata com o brasão do Vaticano e um terço. O pontífice também deu ovos de Páscoa para os filhos do vice-presidente.
"É um prazer vê-lo em melhor estado de saúde", disse J.D. Vance. "Obrigado por me receber. Rezo pelo senhor todos os dias. Que Deus o abençoe."
5h30: Papa se sente mal
Francisco passou a tarde de domingo descansando. Segundo o Vaticano, durante a noite, ele teve um jantar tranquilo.
Já na madrugada de segunda-feira (21), por volta das 5h30 (0h30 em Brasília), o papa começou a se sentir mal. Auxiliares que estavam de plantão foram acionados.
Cerca de uma hora depois, às 6h30 (1h30 em Brasília), Francisco fez um gesto de despedida com a mão para Strappetti e entrou em coma.
Os profissionais de saúde chegaram a avaliar uma transferência para a Policlínica Gemelli, em Roma, onde o papa havia ficado internado entre fevereiro e março. Mas já não havia mais o que ser feito.
7h35: Hora da morte
Francisco sofreu um AVC e teve insuficiência cardíaca irreversível. Segundo o Vaticano, tudo aconteceu rapidamente, e o papa não sofreu em seus momentos finais.
A morte foi registrada por volta das 7h35 (2h35 em Brasília), mas a notícia só foi divulgada ao mundo pouco mais de duas horas depois.
De acordo com a certidão médica que atestou a morte, o quadro de saúde de Francisco foi agravado pela pneumonia bilateral, além de bronquiectasias múltiplas, hipertensão e diabetes tipo 2.
A morte foi confirmada por um exame de eletrocardiograma.