Nicolás Maduro afirmou nesta sexta-feira (10) que a CIA - agência norte-americana de inteligência - cooptou o general Manuel Ricardo Cristopher Figuera para que liderasse o levante militar de 30 de abril, organizado pelo autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó.
"Depois de investigações conseguimos comprovar que o general Manuel Ricardo Cristopher tinha sido cooptado pela CIA há mais de um ano e trabalhava como um traidor, um espião infiltrado nos cargos que ocupava", afirmou Maduro em um evento com estudantes.
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Na data, o general ocupava o cargo do diretor do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin). Após o movimento que tentou derrubar o chavismo, Maduro retirou Figuera do posto sem anunciar formalmente a saída dele.
Em outro pronunciamento, o líder chavista apresentou o também general Gustavo González López como novo diretor do órgão.
Os Estados Unidos, antes disso, já tinham suspendido as sanções impostas ao general - um sinal de afastamento do militar do regime de Maduro.
Diplomata dos EUA relata frustração
O diplomata dos Estados Unidos encarregado para lidar Venezuela, Elliott Abrams, disse à agência EFE que integrantes do governo estavam negociando com a oposição a saída de Maduro. Eles teriam "desligado os celulares" após o levante militar.
Abrams disse ter ficado frustrado com três figuras-chave do chavismo, entre elas o ministro da Defesa, Vladimir Padriño López. Ele é um dos que teriam negociado com o grupo de Guaidó a derrubada de Maduro.
Segundo o governo dos EUA, também participaram dessas conversas o presidente do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), Maikel Moreno, e o comandante da Guarda de Honra Presidencial e da Direção Geral de Contrainteligência Militar (Dcim), Iván Rafael Hernández Dala.
Segundo a denúncia de Maduro, Figuera foi quem "armou a história" de que contava com os "patriotas" Padrino, Moreno e Hernández Dala.
"Foram Padrino, Moreno e Dala que me avisaram, uma semana antes do golpe, da conduta estranha deste general que seria substituído, demitido de seu cargo e detido no dia 30 de abril. Por isso, ele se apressou e abortou a ação golpista. Ele fugiu e até hoje está fugindo", afirmou Maduro durante o evento.
O líder chavista ainda ironizou o general pelo fato de não ter comparecido ao levante militar liderado por Guaidó, que começou em frente à base militar de La Carlota, em Caracas.
"Ele foi quem articulou toda a armadilha de mentiras, de intrigas e não foi capaz de ir ao local", ressaltou Maduro.
Deputado venezuelano na Colômbia
Também nesta sexta (10), o deputado Luis Florido - que havia sido acusado de crimes como rebelião, conspiração e traição à pátria pelo Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela - anunciou no Twitter que chegou à Colômbia.
"Estou fora do país, na Colômbia, a salvo", disse Florido.
Também nesta semana, três parlamentares aliados de Guaidó se abrigaram em missões diplomáticas para escapar dos mandados de prisão do regime de Maduro. A Assembleia Constituinte - parlamento paralelo controlado pelo chavismo - e o TSJ cassaram a imunidade dos deputados que participaram do levante organizado por Guaidó. Entre eles está o vice-presidente do Parlamento, Edgar Zambrano, que foi enviado preventivamente a uma prisão militar nesta sexta-feira (10).
De acordo com o Tribunal Supremo de Justiça, corte controlada pelo regime de Maduro, Zambrano responderá por "delitos de traição, conspiração e rebelião civil".