A Amazônia é um patrimônio da humanidade e Jair Bolsonaro usa a ideia de integração dos povos indígenas ao resto da sociedade para não demarcar terras, afirmaram quatro representantes de nações originárias em Nova York nesta terça-feira (24) para se opor ao discurso do presidente brasileiro na ONU.
Quatro representantes de nações originárias estavam presentes: Dinamam Tuxá, Sonia Guajajara, Cris Pankararu e Artemisa Xakriaba. Eles fazem parte da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.
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O cacique Raoni era aguardado para o evento, mas, de acordo com a organização, ele passou mal e voltou mais cedo.
Sônia Guajajara afirmou também que a representante dos povos indígenas que esteve na ONU com Bolsonaro, Ysani Kalapalo, não tem legitimidade nem para representar a sua própria nação. "Nós, povos indígenas no Brasil, somos diversos, são 305 povos. Não podemos exigir que todos tenham o mesmo pensamento. Ela pode ser alguém que representa o governo dela, não os indígenas", afirmou.
Guajajara foi candidata a vice-presidente na chapa de Guilherme Boulos nas eleições de 2018, vencidas por Bolsonaro.
Defesa de Raoni
Bolsonaro, em seu discurso na ONU, afirmou que, "muitas vezes", líderes indígenas como o cacique Raoni, são "usados como peça de manobra" por governos estrangeiros. Ele não citou quais seriam os governos, contudo, recentemente Raoni se encontrou com o presidente da França, Emmanuel Macron.
"Não estamos sendo usados por ninguém, estamos atendendo o clamor da mãe terra", disse Sonia Guajajara. Ela afirmou que a sugestão de que os povos indígenas são usados era uma prática da ditadura.
Por fim, ela atacou a carta dos agricultores indígenas citada por Bolsonaro, que ela classificou como falsa. "É uma lista de representantes que participaram de uma audiência pública que aconteceu no Congresso em 2018", disse.
Dinamam Tuxá, um dos quatro presentes na coletiva, afirmou que os indígenas têm uma maneira tradicional de viver, e que se trata do modelo mais efetivo para proteger todos os biomas. "Se se quer ter a certeza da proteção, faça a demarcação", disse.