O deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), marido do jornalista e fundador do site The Intercept, Glenn Greenwald, afirmou que encaminhou à Polícia Federal (PF) na última terça-feira (11) e-mails que recebeu com ameaças de morte contra ele e sua família. A informação foi divulgada pela assessoria de imprensa dele. A superintendência da PF em Brasília também confirmou que recebeu os documentos e disse que está investigando o caso.
David Miranda, que é casado com o jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept, informou por meio de nota que abriu uma queixa-crime na PF em 13 de março por ter recebido ameaças nas redes sociais após assumir a cadeira de Jean Wyllys (PSOL-RJ) na Câmara dos Deputados (leia a íntegra da nota ao final desta reportagem).
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Jean Wyllys foi reeleito em 2018, mas decidiu não tomar posse em novo mandato em razão de ameaças.
David disse que voltou a ser ameaçado após o site The Intercept divulgar mensagens atribuídas ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, e a procuradores da República que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato. Por conta dessas novas ameças, informou o parlamentar do PSOL, ele encaminhou novas provas à PF no dia 11.
Na semana passada, o site publicou reportagens contendo uma série de mensagens que teriam sido trocadas entre Moro, quando era juiz federal, e os procuradores da Lava Jato por meio do aplicativo Telegram. De acordo com o The Intercept, as informações foram obtidas de uma fonte anônima.
Ainda segundo o site, a troca de mensagens evidencia que Moro atuava como uma espécie de coordenador informal da Operação Lava Jato, sugerindo estratégias para os procuradores. O ministro disse que houve uma invasão criminosa de celulares e que não viu prática ilegal nas conversas divulgadas.
No comunicado divulgado nesta segunda-feira, David Miranda afirmou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ofereceu a ele apoio da Polícia Legislativa da Casa.
Leia a íntegra da nota divulgada pelo deputado David Miranda:
NOTA DO DEP. DAVID MIRANDA À IMPRENSA
As ameaças que venho sofrendo via e-mail nas últimas semanas não vão interferir na minha conduta como deputado federal. Permaneço atuando com o vigor de sempre, em defesa das causas sociais e dos direitos humanos. Preocupo-me com a minha segurança e da minha família e, para nos resguardar, fiz os devidos encaminhamentos às autoridades competentes.
À Polícia Federal, apresentei queixa-crime em 13 de março passado, quando recebi as primeiras ameaças ao assumir o cargo do companheiro de partido Jean Wyllys, que renunciou por receber repetidos ataques cibernéticos com a mesma gravidade, durante o seu último mandato.
Novos relatos foram encaminhados à PF no dia 11 de junho, diante do crescimento do número de ações de grupos de ódio e homofóbicos que ocorreu depois das denúncias relativas à Operação Lava-Jato, publicadas pelo jornalista Glenn Greenwald, com quem sou casado há quase 15 anos e tenho dois filhos. Ressalto que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, tomou providências a partir do ofício que encaminhei à Presidência da Casa, oferecendo-me apoio do Departamento da Polícia Legislativa.
David Miranda
Deputado Federal - PSOL/RJ