O perito Ricardo Molina, contratado pela defesa do presidente Michel Temer para analisar a gravação de Joesley Batista de uma conversa que ele teve com Temer, disse nesta terça-feira (27) que a perícia da Polícia Federal é "evasiva" e não é "conclusiva nem "categórica".
O G1 buscava contato com a assessoria da PF até a última atualização desta reportagem.
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Nesta segunda (26), Temer foi denunciado pela Procuradoria Geral da República pelo crime de corrupção passiva com base nas delações da JBS. Para o presidente, a denúncia o torna "vítima de infâmia de natureza política", é uma "peça de ficção" e cria uma nova categoria no Código Penal, a "denúncia por ilação".
Desde que o áudio da conversa entre o presidente e Joesley Batista se tornou conhecido, um dos principais argumentos da defesa de Temer é que a gravação foi adulterada. Para a PF, não há edições.
"Esse laudo [da PF] é cheio de evasivas. É cheio de compatibilidades, plausibilidades, indicativos. Ele nunca é conclusivo nem categórico", afirmou Molina nesta terça.
Molina, em seguida, criticou o trabalho da PF que, segundo o perito, não respondeu a 12 perguntas apresentadas por ele.
"Questionei se as descontinuidades podem ser artificialmente criadas em programas de áudio. Eu digo, com certeza: eu posso criar descontinuidades iguais àquelas da gravação em programas editores de áudio", declarou.
Segundo o perito, 6 minutos e 18 segundos de áudio do diálogo com Temer foram perdidos na gravação e que, somente no trecho em que, supostamente, Temer dá o aval para o pagamento de propina a Eduardo Cunha, há cinco descontinuidades.
Ricardo Molina também criticou a qualidade e a credibilidade da gravação, e disse que o áudio é "imprestável" e, juridicamente, "inaceitável".
"Vinte e três por cento da conversa desapareceram [...] e é lógico que isso prejudica a gravação e é lógico que essa gravação não pode ser aceita judicialmente. Em qualquer processo judicial essa gravação seria descartada, é imprestável, a não ser em um processo político. Essa gravação não é juridicamente aceitável", declarou.