A decisão do juiz Sérgio Moro em condenar o ex-presidente da República Luís Inácio Lula da Silva a nove anos e seis meses de prisão, pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva foi classificada como "seletiva" e "vergonhosa" por representantes de sindicatos no estado de Alagoas.
Para o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social e Trabalho no Estado de Alagoas (Sindprev), Cícero Lourenço, a decisão do juiz de Curitiba reflete o que seria uma perseguição política ao projeto de inclusão social instituído por Lula no Brasil. "Esta condenação faz parte do golpe instituído no país que derrubou a presidenta Dilma. É uma decisão 'politiqueira', que condenou uma pessoa por achar que ela era dona de um bem, sem que nenhum elemento comprove tal acusação", avaliou.
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O sindicalista afirma também que a condenação é uma afronta ao Código de Direito Civil e à Constituição. "Esta decisão serve a um único grupo político, que não aceita as transformações pela qual o país passou no governo do Partido dos Trabalhadores. Tudo isso causa uma insegurança jurídica muito grande, pois, a partir de agora, qualquer pessoa poderá ser condenada porque um juiz acredita que ela é dona de um determinado imóvel, por exemplo, mesmo que não existam provas que confirmem a alegação", observou.
Lourenço argumenta, ainda, que o país tem vivido uma grande instabilidade popular. "Diariamente, estão sendo tomadas decisões que prejudicam o trabalhador, como foi o caso da aprovação da Reforma Trabalhista. Mas o povo dará uma resposta. Nós vamos tomar as ruas e pedir que tais medidas sejam revogadas. O Lula já provou até fora do país que é inocente", emendou.
Para Lourenço, a decisão do juiz Moro acabou tendo um efeito inverso, já que "fortaleceu ainda mais o ex-presidente Lula". "O Lula representa um projeto que deu certo. As pesquisas apontam que ele está à frente em todos os cenários de disputa nas próximas eleições, e isso não deve mudar até 2018", concluiu.
Já a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal), Maria Consuelo Correia, classifica a situação como "vergonhosa". "A justiça brasileira é seletiva por que a forma como se pune o PT não é a mesma usada para situações envolvendo outros partidos", analisou.
E embora reconheça a existência de problemas nos governos Lula e Dilma, Consuelo é categórica ao afirmar que houve inúmeros avanços sociais. "É inadmissível que se condene uma liderança mundial como o Lula sem nenhum tipo de prova", disse.
Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão, mas poderá recorrer da decisão em liberdade.
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