Falta de acesso à educação e ao mercado de trabalho são alguns desafios enfrentados pela maioria da população brasileira. Devido ao processo histórico, alguns grupos têm essas dificuldades ainda mais potencializadas. Entre eles, as mulheres. E o que falar se essa mulher tem algum tipo de deficiência? Estão em ainda mais desvantagem.
Mulheres, negros e Pessoas com Deficiência foram alguns dos segmentos que, por séculos, foram impedidos de participarem ativamente da vida social e do mercado de trabalho. São grupos historicamente vitimados pela discriminação e que tiveram seus direitos negados e habilidades questionadas.
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Muitas conquistas ainda estão por vir, mas, alguns passos já apontam para um processo inclusivo e comprova que mulheres com deficiência são tão eficientes quanto qualquer outra. Como já dizia a pintora mexicana, Frida Kahlo, "pés, para que os quero, se tenho asas para voar?".
"Não há nada melhor do que ter autonomia e independência. Hoje, me sinto muito feliz porque amo o que faço e sou muito acolhida pelos meus companheiros de trabalho", esse é o relato de Flávia Bandeira, de 33 anos, que tem Síndrome de Down.
Flávia é pedagoga, iniciou sua trajetória no mercado de trabalho por meio de cursos no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/AL) e há 7 anos trabalha na área da educação da Casa da Indústria.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 45,6 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência. Destes, 25,8 milhões são mulheres, o que representa 26,5% do total da população feminina do Brasil.
A jornalista Fabrícia Omena, de 31 anos, tem deficiência visual. Ela também trabalha na Casa da Indústria. "Na época da faculdade, tinha receio de que, quando formada, não encontrasse vaga no mercado de trabalho. As pessoas ainda são preconceituosas. Elas precisam entender que as Pessoas com Deficiência são ativas e podem trabalhar com muita competência. A tecnologia ajudou muito, não somente na inclusão do cego, mas também, na de pessoas com outras deficiências. Hoje, posso dizer que não tenho dificuldades", comentou a jornalista.
Fabrícia e Flávia são exemplos da quebra de barreiras e mostram como o êxito profissional de mulheres com deficiência é uma realidade cada vez mais presente no mercado de trabalho.
Para a secretária de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos, Claudia Simões, "a mulher com deficiência está exposta às dificuldades e ao preconceito duplo. Nós lutamos por uma maior inclusão e enfrentamento a qualquer tipo de preconceito. No mês de agosto, quando realizamos a Semana Estadual da Pessoa com Deficiência, intensificamos diversas ações, que têm como propósito visibilizar a causa desse segmento".

Como forma de buscar a conscientização da sociedade para a inclusão, o Governo do Estado, por meio da Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh), vem desenvolvendo diversos projetos e apoiando ações que contribuam com a causa.
"Acessibilidade não é somente a quebra de barreiras arquitetônicas, nos sistemas de transportes ou na comunicação, mas principalmente nas de atitude. Nosso objetivo é que tenhamos políticas públicas cada vez mais assertivas para a inclusão das Pessoas com Deficiência. Todos nós, se não temos, algum dia vamos ter alguma limitação. Precisamos é saber conviver com a diversidade", disse a secretária Claudia.
Além de uma superintendência dedicada à defesa dos direitos da Pessoa com Deficiência, a Semudh possui em sua estrutura, a Central de Interpretação de Libras (CIL). O equipamento tem por objetivo promover a acessibilidade e o atendimento especializado para Pessoas com Deficiência auditiva, surdas e com surdocegueira, por meio da tradução e interpretação da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
O serviço é oferecido na Central da Mulher e dos Direitos Humanos, que funciona no bairro da Jatiúca, em Maceió, e também na região sertaneja, no município de Delmiro Gouveia.