As regras impostas na pandemia de coronavírus esvaziaram a Serra da Barriga neste Dia da Consciência Negra. A festa, que, tradicionalmente, acontece no Parque Quilombo dos Palmares, em União dos Palmares, teve limite de acesso ao público e poucas manifestações culturais no entorno, tudo para evitar aglomerações e o risco de contaminação pela doença.
Todos tiveram que entrar com máscaras de proteção no rosto e foram orientados a usar álcool em gel e a lavar as mãos o tempo todo em que estivesse no espaço.
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A Fundação Palmares limitou em 300 o número de visitantes por dia. Como o parque é bem amplo, a sensação de quem esteve por lá é de que faltou o brilho das rodas de capoeira e das diversas apresentações artísticas. Elas até aconteceram, mas em pontos estratégicos de acesso à Serra e com os devidos cuidados para não aglomerar.

A programação política do Dia da Consciência Negra, com os discursos de autoridades, assim como os rituais feitos por integrantes das religiões de matriz africana, também foram suspensos devido à pandemia. Poucos artesãos insistiram em manter as vendas, confiando que poderiam faturar mais um pouco na data comemorativa.
A ialorixá Mãe Neide afirmou que o "20 de Novembro" representa resistência e não poderia deixar de ser celebrado, mesmo em meio ao estado de calamidade pública em Saúde.
"Devemos resistir frente aos nossos desafios e saber que, hoje, é um dia de celebrar, de agradecer pela saúde também. A pandemia está aí, com toda força, e precisamos continuar nos precavendo. A Covid é muito real e, se não pode subir à Serra nesta sexta, poderá voltar outro dia, pois a nossa história de luta, de resistência, jamais vai acabar", comentou.

Segundo ela, pequenas rodas de samba, poesia e momentos de reflexão sobre a ancestralidade estavam programados para o Dia da Consciência Negra. Um dos instantes mais aguardados é o pôr-do-sol da Serra da Barriga, e que, este ano, será contemplado ao som de Naná Martins.
Acostumado a subir a Serra, o ator Henri Castelli afirmou, em entrevista àTV Gazeta, que voltar a União dos Palmares é ter orgulho da luta por uma sociedade mais justa e fraterna. "Estar aqui celebrando este dia 20 de Novembro, no pé da Serra da Barriga, representa muita energia e orgulho. É uma data em que tentamos perpetuar este grande líder, Zumbi, símbolo de resistência da população negra no Brasil e que batalha contra qualquer tipo de preconceito".