
A funcionária de um hotel na Jatiúca, presa nesta sexta-feira (4) por desviar R$ 9 milhões, agiu por seis anos sem ser percebida pelos seus superiores e colegas de trabalho. É o que aponta a Polícia Civil. Ao longo desse período, a mulher se utilizou de artifícios para não ser descoberta. Um deles, segundo as autoridades policiais, foi o de desviar pequenos valores nos anos iniciais do esquema criminoso.
Segundo a Polícia Civil, a funcionária trabalhava há dez anos no hotel, era considerada exemplar e tinha a confiança dos seus superiores. Ela trabalhava no setor financeiro, tinha autorização para efetuar pagamentos e ainda era responsável por fazer lançamentos no sistema de controle financeiro.

Para exercer a função no hotel, a funcionária recebia um salário de R$ 3.500. Os desvios começaram em 2018, mas ela foi descoberta em 2024, segundo as investigações policiais.
“Ela não só tirava o dinheiro da conta, mas fazia lançamentos nos sistemas de controle de recebimento e pagamento. O hotel não percebia porque o sistema de controle de despesas e receitas estava sempre conforme a conta bancária”, explicou o delegado que investiga o caso, José Carlos.
Como funcionava o desvio
- Ela duplicava os pagamentos de fornecedor real que já tinha recebido. Assim, os gerentes conferiam a nota fiscal e tinham ciência de que aquele fornecedor existia. O que os gerentes não sabiam é que a conta destinatária do pagamento duplicado não ia para o fornecedor, mas para a conta dela. Isso porque ela colocava o CPF dela no pagamento duplicado, mas editava o nome dela para o nome de um fornecedor que já existia.
- Para ninguém perceber a falta do dinheiro, ela também fazia um lançamento no sistema de controle financeiro, como se aquele valor tivesse sido usado para pagar um fornecedor verdadeiro, por exemplo.
- Assim, quando alguém olhava o sistema, via um pagamento registrado (como se fosse legítimo), e o saldo batia com o extrato bancário.
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O delegado explica que, nos anos iniciais, os valores eram baixos, chegando a totalizar um desvio de cerca de R$ 400 mil, uma média de R$ 35 mil por mês.
Mas, nos últimos dois anos, apontam as investigações, a funcionária aumentou substancialmente os valores desviados. Exemplo foi em 2023, quando ela chegou a desviar um valor aproximado de R$ 4 milhões, aponta a Polícia Civil.
“Nos últimos dois anos, ela aumentou consideravelmente, e foi aí que não se sustentou”, pontuou o delegado José Carlos.
Foram apreendidos três veículos avaliados em R$ 200 mil, celulares e documentos apreendidos, além do imóvel de luxo, no valor de cerca de R$ 3 milhões.
A operação, denominada Check-Out, foi desencadeada pela Seção Especializada de Combate à Lavagem de Dinheiro da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) e foi comandada pelos delegados José Carlos e Maria Eduarda.