O empresárioPaulo Marinho, que apoiou e financiou a campanha deJair Bolsonaroà presidência, e é o primeiro suplente do senadorFlávio Bolsonaro, declarou que, agora, vai votar noLulapara "defender a democracia".
Ele participava discretamente da manifestação de empresários, intelectuais e artistas em defesa da democracia, nesta segunda-feira, 10, em São Paulo, mas foi reconhecido pela imprensa e não pode se esquivar dos jornalistas.
-"Eu tentei ser o mais discreto possível. Mas é difícil, né?", reagiuMarinho.
Ao ser indagado sobre o motivo de ter mudado de lado e, agora, apoiar o adversário do candidato que financiou e ajudou a eleger presidente em 2018,Marinhorespondeu:
-"Eu decidi [esse gesto de apoio aLula]porque, quem conhece o Bolsonaro, como eu conheço, vota no Lula. Eu vim pagar uma penitência de 2018. Acho que este não é mais o momento de ficar em dúvida (se votar em Lula, votar em branco ou votar nulo). Você precisa ter um lado agora. E o meu lado foi apoiar o Lula".
A declaração deMarinhorepercutiu como uma bomba noPalácio do Planaltoe deixou o presidente ainda mais irritado, não só por se tratar de um empresário que foi importante na sua campanha em 2018, mas porque também conhece "segredos" dos bastidores da família, incluindo aí as ligações deFlávio Bolsonarocom o sargento reformado da PM cariocaFabrício Queiroz, apontado como operador dos crimes de peculato que teriam sido cometidos pelo filho do presidente, quando era deputado estadual no Rio de Janeiro.
A frase que mais irritou o presidenteBolsonaro, segundo os comentários nos bastidores do cafezinho no Senado, foi "quem conheceBolsonaro, como eu conheço, vota noLula". De acordo com os comentários, o presidente "ficou possesso e deu porradas na mesa" (sic) com a comparação feita pelo ex-amigo, ex-confidente e ex-financiador.
De fato, quem pensava que já tinha visto de tudo nesse submundo bolsonarista, a cada dia se surpreende mais.