
São Paulo — A Polícia Civil identificou um suspeito de ter matado a estudante da Universidade de São Paulo (USP) Bruna Oliveira da Silva, de 28 anos, encontrada morta na última quinta-feira (17/4), na zona leste da capital paulista.
A informação foi confirmada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) nesta terça-feira (22/4). Segundo a pasta, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHHP) realiza diligências para localizar e prender o suspeito.
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Anteriormente, a diretora do departamento, Ivalda Aleixo, contou que familiares, amigos e o ex-namorado de Bruna prestaram depoimento, como parte de um procedimento padrão da polícia. “Essas pessoas foram ouvidas antes do encontro do corpo dela, na fase da investigação de pessoa desaparecida, em que, por lei, somos obrigados a instaurar um procedimento de averiguação”, explicou.
Apesar de o homicídio da estudante ter sido constatado, segundo a delegada, há sinais “mais do que evidentes” de que houve violência. “Foi, no mínimo, um homicídio. Ainda não se sabe a motivação para falar de feminicídio”, avalia. “Sobre suspeitos do fato, do que exatamente aconteceu com ela, ainda não temos um nome ou características físicas para dar”, completa.
A diretora ainda contou que as imagens de câmeras de segurança da região podem ajudar na investigação: “Assim como ela desaparece das imagens, outras pessoas que caminhavam próximo também não aparecem mais. Cada uma pode ter ido para um lado, mas a gente tem que saber, porque houve uma rota de fuga, de onde o corpo foi encontrado para trás.”
Na última quinta-feira (17/4), Bruna foi encontrada nos fundos de um estacionamento, na Avenida Miguel Ignácio Curi, região da Vila Carmosina, na zona leste de São Paulo. A mestranda da USP estava desaparecida desde 13 de abril e havia sido vista pela última vez no terminal de ônibus da estação de metrô Itaquera.
Protesto
Estudantes da USP Leste, responsável pelos cursos de arte, ciência e humanidades, realizarão “um ato simbólico a fim de exigir justiça e cobrar seriedade nas investigações” referentes ao caso da Bruna.
As estudantes estão convocando uma assembleia, que acontecerá às 18h desta terça-feira (22/4) no hall dos auditórios. A reunião visa construir um ato planejado para ocorrer na próxima quinta-feira (24/4).
Segundo as estudantes, ainda não foi esclarecida a situação que os policiais militares encontraram o corpo da estudante e registrando como morte suspeita, “não pegando provas no momento de levar o corpo e atrapalhando as investigações do DHPP”.
O documento também diz que o caso da Bruna não é isolado e “que as mulheres são violentadas cotidianamente”. Além disso, o grupo afirmou que está articulando com coletivos feministas, movimentos sociais, parlamentares e movimentos estudantis para o ato.
As estudantes pedem políticas concretas que atendam a realidade da população, que as políticas de atendimento às mulheres sejam articuladas com diversas redes de atendimento e que as câmeras de segurança sejam abertas: “A família, os estudantes, os professores, os funcionários e todos aqueles que tiveram contato com Bruna exigem justiça e resposta para esse crime brutal e cruel”.
Estudante desaparecida
Bruna desapareceu no trajeto entre a estação Itaquera do metrô e casa onde morava com os pais, na zona leste
Ela voltava da casa do namorado, no Butantã, zona oeste
No terminal da estação Itaquera, ela precisou carregar o celular em uma banca de jornal. Nesse momento, chegou a mandar uma mensagem para o namorado pedindo dinheiro para voltar para casa por carro de aplicativo, porque já estava tarde
Ele transferiu o valor, mas o celular da estudante teria descarregado e não foi mais possível ter contato com ela
Conforme Karina Amorim, amiga da vítima, a última vez que ela acessou o WhatsApp foi às 22h21 do domingo
A família de Bruna entrou em contato com a plataforma de carros de aplicativo, que informou que a jovem não chegou a solicitar uma corrida naquela noite
Namorado relembra cronologia
Bruna havia ido para a casa de Igor Sales, seu namorado, que fica no Butantã, na zona oeste, na semana anterior. No sábado, voltou para a residência da família, em Itaquera, e, depois, foi se encontrar com uma amiga. Bruna voltou para a casa de Igor no mesmo sábado à noite, contra o conselho do namorado.
“Eu tinha falado para ela não vir, porque ela tinha que pegar o filho dela no domingo de manhã”, disse.
Segundo Igor, era comum Bruna ter que insistir para que o ex ficasse com o menino. No domingo, ela pediu para o pai de seu filho levar a criança na segunda-feira de manhã. Assim, ela poderia ficar mais tempo da casa do atual namorado.
O ex não concordou com a mudança. Bruna, então, pediu para o ex combinar com seu pai um encontro da estação de metrô para que ele entregasse a criança.
“Ela ficou comigo até 20h, até o limite, porque o pai dela tinha que ir trabalhar às 22h30, então, ela tinha que ir embora”, lembrou Igor. Ele diz que ofereceu, como sempre fazia, levá-la de moto até em casa. Porém, como havia chovido muito no Butantã, Bruna pediu apenas uma carona até a estação de metrô.
Igor contou que Bruna chegou na estação Itaquera por volta de 22h. Lá, descobriu ter perdido o ônibus que passava próximo à sua casa e decidiu fazer o trajeto a pé. Igor pediu que ela pegasse um carro de aplicativo e transferiu o valor para que a jovem pagasse a corrida. Às 22h09, ela disse que estava carregando o celular em uma banca de comércio e que iria esperar até que valor da viagem via app ficasse mais barato. Às 22h19, ela mandou: “Estou indo”.
“Depois de 10 minutos eu mandei mensagem, perguntando se tinha dado certo, porque [a estação] é bem próxima da casa dela. Não dá nem cinco minutos. A mensagem chegou, mas ela não respondeu. Comecei a ligar e nada”, contou Igor.
Ele achou que a namorada poderia estar sem energia elétrica em casa e, como estava sem bateria antes, teria ido dormir. Durante a madrugada, Igor acordou algumas vezes e conferiu o celular, ainda sem resposta de Bruna.
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